“Caixa de Pássaros”: Vem saber mais sobre este thriller psicológico

Por: Carl

Josh MALERMAN
Editora INTRÍNSECA
2015
272 páginas

SINOPSE: “Caixa de Pássaros” é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Um dos sentimentos mais frágeis do ser humano é a confiança. Ela demora para se conquistar e se perde pelo menor dos motivos. Normalmente, confiamos no que vemos, no que sabemos, no que sentimos, mas como confiar quando tudo isso é tirado de nós? Como confiar se precisamos manter nossos olhos fechados?

Essa perda é a essência psicológica de “Caixa de Pássaros”. E ela é muito bem descrita e empregada na construção dos quarenta e três capítulos do livro.

Apesar de ser sua primeira obra, Josh Malerman consegue transmitir a insegurança e o medo que Malorie, o Garoto e a Menina (cujos nomes só conhecemos no fim da história, e por uma boa razão), precisam enfrentar quando saem da segurança da casa, onde viveram nos últimos quatro anos, para seguirem a barco por um rio na direção do lugar que pode ser a salvação. E todo esse percurso terá que ser feito de olhos vendados. Isso, porque as criaturas que enlouquecem as pessoas só pela visão de sua presença, podem estar em qualquer lugar.

A narrativa tem pulos entre o passado e o presente. Aos poucos, conhecemos como Malorie, seu filho e a filha de uma amiga, ambos com quatro anos de idade, chegaram até aquele ponto.

É particularmente triste, mas compreensível, como Malorie treina as duas crianças, desde que elas nascem, a fecharem os olhos e identificarem todos os ruídos e presenças ao redor. São quatro anos de treinamentos duros, mas necessários para que o plano de Malorie funcione. Ela espera por um dia frio, quando surgir uma neblina densa o suficiente para esconder os três no percurso da casa até o rio.

Empregando frases curtas, muitos pontos finais e quebra de linhas, Malerman consegue trazer para o leitor a aflição que os personagens sentem quando saem da casa para pegar água em um poço, ou quando vão à procura de comida em supermercados abandonados, ou quando precisam abrir a porta da rua para alguém entrar. Isso porque em todos esses momentos, eles estão de olhos vendados. Quando abrem uma porta, não têm certeza se só entrou uma pessoa ou se alguma criatura veio junto com ela. E nesse momento, compreendemos perfeitamente o desespero que é ter que abrir os olhos depois que a porta se fecha.

Embora a história seja simples, centrada apenas na rápida viagem de Malorie e as duas crianças, e intercalada com o que aconteceu na casa quatro anos antes, ela é eficiente naquilo a que se propõe.

O curioso é que, apesar dos responsáveis pelas loucuras das pessoas sejam criaturas, que em nenhum momento conhecemos sua aparência ou o motivo do que fazem e como fazem, o vilão mais cruel acaba sendo um dos personagens humanos que é imune.

Por isso, o final de “Caixa de Pássaros” não me decepcionou. Eu já estava preparado para não obter respostas para a origem dessas criaturas, por que causam loucura nas pessoas, por que não atacam ninguém fisicamente, de onde vieram, o que pretendem, entre muitas outras. Ficou claro para mim que o importante da história não eram essas perguntas, mas sim o medo que sentimos quando perdemos aquilo que mais confiamos: nossa visão. E em como as pessoas podem ser terríveis quando se sentem com alguma vantagem.

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