O silencioso sucesso de Mindhunter

Por: Luan Menezes

“Até que você possa entender a dor e o horror que as vítimas passaram, você não poderá processar o que esses homens são capazes”

Depois de quase um mês adiando por motivos de tentar resumir tudo que tenho para falar, sim, a matéria da semana da “Só Seriados” traz “Midhunter”, a silenciosa melhor série de 2017 do Netflix.

Prepara a pipoca e o chocolate, esse show vai mexer com sua cabeça!

Uma das coisas mais incríveis que posso começar falando sobre a série é que temos um caminhar natural, sem muitas surpresas, sem reviravoltas surpreendentes e isso não deixa o show se parecer como mais uma série policial que está aí para fazer sucesso, não é mesmo? “Midhunter” é bem diferente quando o assunto é história. Temos exatamente três cenários sendo explorados em um mesmo episódio, cada um com seu papel importante para prender quem está assistindo. No primeiro e mais comum de todos, temos aqueles “crimes semanais” onde Holden e Bill Tench assumem algumas investigações enquanto trabalham na escola itinerante do FBI. Acontecendo ao mesmo tempo durante alguma dessas investigações, temos o estudo comportamental dos “assassinos em série” que começou com uma curiosidade e acabou se tornando uma das maiores pesquisas do FBI. Em paralelo a essas duas histórias, temos a história de um possível assassino, na verdade, melhor explicando, é como se fosse a trajetória de um desses assassinos, esses trechos quase nunca são resolvidos por completo, o que deixa uma expectativa enorme para uma próxima temporada. Quem sabe?

Aviso: esse texto pode conter spoilers

“Midhunter” é baseada no livro “Mind Hunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit”, de John E. Douglas em parceria com Mark Olshaker. A inspiração para o personagem Holden surgiu exatamente do autor do livro que se concentrou em encontrar a motivação de alguns assassinos para entender como isso acontece e quem sabe poder impedir que alguns desses crimes possam ocorrer pelas mãos de outros assassinos que podem até não saber ainda do que são capazes de fazer. Voltando ao show, conseguimos observar algo, a obsessão de Holden pelos assassinos famosos é grande e logo no primeiro entrevistado (Ed Kemper) é impossível não notar que Holden está obcecado pela escuridão que esses homens possuem e a frieza que se trata de apenas uma fachada até o momento em que eles são confrontados por Holden e Bill, com histórias que podem ou não terem desencadeado os crimes cometidos. Esse é um fato que eu realmente estou curioso, os atos desses assassinos quando explorados com muitos detalhes chegam por muitas vezes até se tornarem algo completamente assustador e ainda há muito para ser mostrado no show. Podemos perceber que ainda só nos foi mostrado que a forma como Holden conduz a entrevista, tratando o homem como homem por trás do crime, nem todos os outros envolvidos na pesquisa conseguem fazer, como é o caso do Bill. Holden nunca se interessa pelas vítimas, a forma como ele humaniza o assassino deve causar grande revolta em alguns espectadores, isso para mim é o mais interessante na série.

Escrevendo esse texto comecei a ter uma visão diferente dos personagens, algo que tenho certeza que Bill e Wendy (linda Anna Torv) já perceberam e estão fingindo que não. No decorrer dos episódios, começamos a perceber que Holden começa a ficar desequilibrado e em alguns momentos notamos que ele pode se tornar uma ameaça no decorrer desse thriller, o que ainda me faz pensar que o assassino que aparece em todo episódio pode ser ninguém mais que Holden.

A mente humana é o poder mais destrutivo que pode existir no mundo, a forma como Holden foi manipulado por achar que estava no controle de tudo que acontecia é completamente memorável e não deixa a desejar em nenhum momento. Em algum ponto da década de 1970, a “causa” e o que levou tudo isso acontecer ainda é um mistério, a forma como “Midhunter” trata o culpado ou os culpados levantam alguns questionamentos sobre como esses assassinos são tratados como uma espécie diferente da sociedade atual, até mesmo entre aqueles que também cometeram algum tipo de crime. O que leva em certos momentos assistindo aos episódios uma revolta pela forma como eles são bem tratados mesmo ao ter feito o que fizeram.

Sem dúvida nenhuma, um show que merece ser assistido e reprisado, eu não sei vocês, mas estou pensando em assistir mais uma vez só para ter certeza que eu entendi mesmo o que precisava. E sim!!! Estou completamente louco pela próxima temporada. E vocês? Vou deixar um trailer para vocês que ainda não ouviram falar da série (o que eu duvido muito rs)

Um grande abraço pessoal e até a próxima!!
XOXO
@lmennezes

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *