Filmes mostram a tragédia que envolve a terapia da conversão

Na era em que o presidente Donald Trump ameaça tirar os direitos dos transgêneros nos EUA e que o presidente eleito, no Brasil, Jair Bolsonaro ameaça tirar os direitos da conquistados pela comunidade LGBTQ no país, nunca foi tão importante se falar dos traumas provocados pela chamada terapia de reorientação sexual (conhecida ainda como terapia de conversão ou terapia reparativa) que compreende um conjunto de métodos que visa eliminar a orientação sexual homossexual de um indivíduo. Já que mais que entreter, na minha opinião, a função do cinema também é educar a população sobre temas relevantes, com a finalidade de abrir os olhos do povo contra as consequências cruéis e devastadoras que este tipo de atitude pode causar na vida de um ser humano, especialmente um adolescente.

O melhor filme que assisti no Sundance Film Festival, em janeiro foi “O Mau Exemplo de Cameron Post”, baseado numa historia real, aborda justamente este tópico. Eu estava numa sessão exclusiva para imprensa quando o filme foi aplaudido efusivamente pelos jornalistas, o que é raro neste tipo de evento. “O Mau Exemplo de Cameron Post” também foi o vencedor do maior prêmio do júri no Sundance 2018. Com um elenco brilhante, liderado por Chloe Moretz, estreará em breve no Brasil e está na minha lista de filmes imperdíveis desde o começo do ano. Clique no link e saiba mais sobre a estória:

http://www.hollywoodeaqui.com/na-lente-do-hea-os-melhores-filmes-do-sundance-film-festival-2018/

Semana passada, tive o prazer de assistir outra obra-prima no cinema, também baseado numa história real: “Boy Erased: Uma Verdade Anulada”, que também fala sobre o assunto da perspectiva do filho gay de um pastor batista. O filme, que tem estreia prevista para 31 de janeiro no Brasil, conta a história de Jared (Lucas Hedges), o filho do líder religioso em uma pequena cidade no interior dos EUA, que se assume para seus pais (Nicole Kidman e Russell Crowe) aos 19 anos. Ao sair do armário, Jared se depara com um ultimato: participar de um programa de terapia de conversão ou ser permanentemente exilado e evitado por sua família, amigos e fé. O filme foi escrito e dirigido por Joel Edgerton, que tive o prazer de conhecer num bate-papo que rolou depois da sessão, e é baseado no livro “Boy Erased: Uma memória de identidade, fé e família”, de Garrard Conley.

 

 


 

O cantor e compositor Troye Sivan integra o elenco do filme e, juntamente com Jónsi, escreveu a música original “Revelation”, que faz parte da excelente trilha sonora. Troye, que para a minha sorte também estava presente no Q&A que participei, contou que ao ler o roteiro ficou tão emocionado e tão inspirado que escreveu a canção com Jonsi em apenas 1 hora.

O filme tem uma direção sensível e capta a emoção da jornada não só de Jared, o personagem principal, como de cada membro de sua família e de cada uma das pessoas que ele conhece durante os dias que passa na instituição fazendo a terapia da conversão.

Interessante é que não importa o tempo de tela que um determinado ator tem ou o número de cenas que ele participa, todos os personagens são marcantes. Mérito de excelentes atuações e do trabalho de Joel Edgerton, como roteirista e diretor, sem contar que sua participação como ator que também e de tirar o chapéu.

Mas o destaque mesmo fica, mais uma vez, para Nicole Kidman que rouba todas as cenas, e arranca lágrimas do público interpretando a mãe de Jared. Segundo Joel, Nicole é a atriz predileta da mãe do autor do livro e, uma vez perguntada, a própria disse que adoraria ser interpretada por ela, se um dia o livro fosse adaptado para o cinema. Seu sonho se realizou. Nicole se apaixonou pelo roteiro e foi a primeira atriz escalada, como contou Joel, entrando para o time de produtores que batalhou para que o filme fosse produzido.

“Boy Erased: Uma Verdade Anulada” é a verdadeira história da luta de um jovem para encontrar-se enquanto é forçado a questionar cada aspecto de sua identidade. O filme é uma inspiração não só para todas as pessoas da comunidade LGBTQ que são rejeitadas pelas suas próprias famílias ao saírem do armário, como outras como Troye que, como disse no nosso bate-papo, nunca enfrentou preconceito da sua família, muito pelo contrário, sempre recebeu de todos amor, carinho, apoio e respeito, ou mesmo gente como eu que nunca passou por uma situação semelhante, por ser heterossexual.

O filme é uma aula do que não deve se fazer com um ser humano, ainda mais em nome da religião, que, na realidade prega o amor, e o entendimento. Em nenhuma das escrituras está escrito que uma pessoa deve fazer uma terapia que inclui técnicas comportamentais, cognitivo-comportamentais e psicanalíticas, além de abordagens médicas, religiosas e espirituais, contra a sua própria natureza. O consenso científico é de que tais terapias não são efetivas e podem causar danos físicos e psicológicos, como vemos nos filmes, que incluem cenas marcantes e dolorosas, especialmente por sabermos que ela aconteceu na vida real e que, vergonhosamente, continuam se repetindo diariamente em instituições pelo mundo afora.

Por isso numa sociedade que está regredindo “O Mau Exemplo de Cameron Post” e “Boy Erased: Uma Verdade Anulada” são mais que ótimos filmes, são filmes que compartilham histórias que precisam ser contadas para que menos adolescentes precisem morrer com essas práticas desumanas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Terapia_de_reorienta%C3%A7%C3%A3o_sexual

Trailer Legendado:

 

 

Data de lançamento: 31 de janeiro de 2019
Direção: Joel Edgerton
Elenco: Lucas Hedges, Nicole Kidman, Russell Crowe mais
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

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