A Outra Vida: Ação com mutantes marca narrativa envolvente

Susanne WINNACKER
Editora NOVO CONCEITO
2013
272 páginas

SINOPSE: O mundo de Sherry — de uma hora para outra — mudou completamente. Por causa de um vírus muito contagioso, as pessoas que ela costumava conhecer, e quase todas as pessoas de sua cidade, Los Angeles, na Califórnia, se transformaram em mutantes assustadores.Esses mutantes têm uma força excessiva, são ágeis, o corpo é coberto de pelos, eles lacrimejam um líquido imundo e… comem gente! Portanto, não há muito o que fazer — talvez tentar fugir — quando se encontra algum deles. A não ser que você tenha ao seu lado a força e a determinação de um jovem como Joshua. Joshua perdeu uma irmã para os mutantes e sua raiva é tão grande que ele seria capaz de vingar todos aqueles que perderam alguém para as criaturas. No entanto, para que esta revanche aconteça, é preciso prudência. Afinal, até que ponto a disseminação deste vírus foi uma coisa realmente natural? Que poderosos interesses estão por trás desta devastação? E será que Joshua e Sherry conseguirão ter a cautela necessária para lutar contra as criaturas justo agora que seus corações estão agitados pelo começo de uma paixão?

A narrativa de A OUTRA VIDA é bastante envolvente. A autora soube dosar as partes de ação junto com as de suspense, de romance, de conhecimento e de descrição. Os dois personagens principais, Sherry e Joshua, são cativantes e convencem como casal de jovens apaixonados, embora esse lado romântico tenha sido pouco explorado, além de que só ocorre nos últimos capítulos. O foco principal é a ação.

Os monstros que dizimaram a população são nojentos e a descrição de seus ataques é clara e transmite o suspense necessário. O detalhe das lágrimas, embora sem qualquer função específica para a trama, funciona bem e cria uma diferenciação, que os coloca em um nível diferente dos zumbis de outras obras.

As explicações para a causa do vírus ter se alastrado também é convincente, dentro do limite de descrença normal desse tipo de ficção. A forma como Sherry e Joshua descobrem esses segredos, embora rodeada por coincidências, não chega a causar desconforto. E o clímax da obra, obviamente deixando várias pontas soltas para uma possível continuação, não deixa o leitor com raiva pela ansiedade desnecessária.

Mas, apesar de todas essas boas características, faltou algo na obra de Susanne Winnacker. Eu tentei descobrir se era a semelhança das criaturas com os zumbis, não pela aparência, mas pela função que representam na mudança do mundo. Depois, pensei na semelhança das situações pelas quais Sherry e Joshua passam, como perseguições, embates com as criaturas, a forma de contágio, a casa segura onde podem dormir e tentar sobreviver, a falta de recursos, o perigo iminente, os reais responsáveis pelo vírus, entre outros detalhes. Cheguei à conclusão que, na verdade, foram todos esses fatores juntos que não me deixaram considerar A OUTRA VIDAcomo uma leitura que ficaria na minha lembrança por muito tempo.

Entendam que a história e os personagens não são ruins. Ela é simples, com poucos acontecimentos, bem escrita e entusiasmante. Toda a ação é bem distribuída e empolgante. Mas, como disse acima, tudo é muito semelhante a algo que você já leu ou já assistiu. Não há uma real novidade, algo que deixe o leitor sem saber o que pensar ou sem saber o que poderá acontecer. Tudo o que ocorreu é previsível, não pela forma como foi escrito, mas porque já está na memória do leitor.

Embora pareça bobagem, esse detalhe remove toda a curiosidade do leitor. É como assistir a um episódio de uma série ou a um filme onde a história é a mesma, mas com outros personagens e monstros modificados. Assim, não crie expectativas em encontrar algo de novo. Prefira curtir a aventura e passar algumas horas acompanhando os perigos que Sherry e Joshua correm para salvar seus entes familiares e amigos.

Acho que isso já é suficiente para justificar a leitura.

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