Jena Morrow fala sobre distúrbios alimentares

Por: Luana Mattos

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O Hollywood é Aqui está sempre incentivando os nossos leitores a se inspirarem nas celebridades que buscaram ajuda, se reinventaram e deram a volta por cima. Hoje, nós preparamos uma entrevista exclusiva com Jena Morrow, autora dos livros “Hollow” e “Hope for the Hollow”, Jena também é umas das coordenadoras da clínica Timberline Knolls – onde Demi Lovato buscou ajuda em 2010. Conheça um pouco mais da Jena, suas inspirações e seu trabalho na entrevista abaixo.

Luana: Em seu livro “Hollow” você compartilhou sua própria experiência com distúrbios alimentares. Por que e em que ponto da sua vida você decidiu escrever um livro e compartilhar sua história com o mundo?

Jena: Eu não tinha planejado “ir a público” com a minha história, mas sim ser uma escritora, acho que eu deveria saber que isso era inevitável e eu iria me expor em algum momento. Para mim, esse ponto veio quando uma amiga minha perdeu a vida por causa da anorexia em 2005, aos 29 anos. Sua morte fez os perigos se tornarem reais para mim. E eu comecei a ficar cada vez mais irritada quando eu ouvia as pessoas glorificando sua perda de peso ou banalizando os transtornos alimentares. Então eu decidi expor a minha história, com todos os detalhes e sem glamour – na esperança de trazer à tona a realidade sobre como os distúrbios alimentares, essencialmente, roubam, matam e destroem vidas.

L: Através do nosso site, tive a oportunidade de conhecer alguns testemunhos de meninas e eu notei que os distúrbios alimentares vêm sempre depois de eventos traumáticos, como a morte ou uma grande perda. Como profissional você poderia explicar aos nossos leitores como essas coisas estão associadas a estes distúrbios?

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J: Eu não diria que os distúrbios alimentares “sempre” se desenvolvem como uma resposta ao trauma necessariamente, mas suponho que depende de como definimos trauma. Certamente a perda de um ente querido é traumática, como abuso sexual ou agressão, testemunhar violência, etc -, mas os distúrbios alimentares nem sempre são precipitadas por esses chamados traumas. Eles também podem ter seu início em resposta a um pequeno trauma de infância como o assédio moral (bullying), a traição de um amigo ou namorado (a), abuso emocional e negligência, etc. Em sua essência, os transtornos alimentares são sobre anestesiar emoções desagradáveis, deslocando dor e exercendo o controle – muitas vezes na única parte da vida de uma pessoa sobre a qual ela sente que tem algum controle de tudo: seu corpo.

L: Você trabalha como coordenadora no Timberline Knolls. Você ajudou muitas meninas e enfrentou muitos desafios, poderia nos contar um pouco de seu trabalho lá?

J: Claro! Eu amo o que eu faço na Timberline Knolls, porque meu trabalho me permite manter contato e relacionamento com milhares de mulheres e meninas que temos tratado, as quais são milagres vivos e me inspiram diariamente. Como coordenadora, eu supervisiono o programa de alunas que inclui noites regulares no campus, um boletim de noticias – um grupo privado do Facebook só para ex-alunos, retiros anuais de recuperação, uma programação especial, webinars (seminários online) e eventos regionais, – além de que eu também permaneço envolvida com a atividade de nossos residentes atuais no campus, antes de sua liberação do tratamento.

As próximas perguntas foram enviadas pela Amanda Clare, uma amiga minha que também leu o livro “Hollow”.

A: Eu li que os distúrbios alimentares são como uma espécie de “doença contagiosa”. Por exemplo, em uma casa de fraternidade, se uma garota tem um transtorno, algumas das outras meninas também podem desenvolver um transtorno alimentar. Isso pode acontecer de fato?

J: Realmente parece ser contagioso, não? Eu acho que é mais uma questão de concorrência, na verdade – muitas vezes, as pessoas que desenvolvem transtornos de comportamento alimentar tendem a ser volúveis e influenciáveis e têm traços de personalidade que favorecem o perfeccionismo e a competitividade. Além disso, com transtornos alimentares se tornando mais e mais um tipo de norma cultural, e estar ao redor de outras pessoas que também lutam com isso, faz com que seja difícil se lembrar de como é uma alimentação saudável. É realmente muito difícil encontrar uma mulher nos dias de hoje que tenha uma relação saudável com a comida e com o corpo dela. Mas para aqueles de nós que buscam recuperação, é importante encontrá-las.

A: Se alguém tem sinais de um transtorno alimentar em desenvolvimento, por exemplo, constantemente fazendo dieta, ou pensando em comida, sentindo-se culpado sobre o que eles comem e etc; Você acredita que a doença já se formou e pode piorar ou que o indivíduo é capaz de superá-la por conta própria sem ajuda?

J: Isso depende totalmente do indivíduo. Dieta por si só, é um grande fator para o desenvolvimento de transtornos alimentares, e quase todos os transtornos alimentares começam como uma dieta antes de ganhar vida se a pessoa for controlada por ela, ao invés de controlá-la. No entanto, nem toda as pessoas têm uma predisposição genética e/ou psicológica para o desenvolvimento de um T.A. – assim como uma pessoa pode beber um copo de vinho e parar, enquanto outra pessoa que está propenso ao alcoolismo toma um gole e se vê sugado para um vórtice de dependência, tanto psicológica e fisiologicamente. É tudo muito pessoal e individual – assim como todos nós somos.

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No livro “Hollow” vocês podem saber como Jena desenvolveu seu distúrbio alimentar aos 3 anos de idade e no título “Hope for the Hollow” vocês podem conferir um devocional com palavras de motivação para quem luta contra distúrbios alimentares e problemas de autoestima no site da Amazon (idioma original: inglês).

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Clínica Casa Viva

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