Quando tomamos a decisão de deixar a nossa pátria para viver no exterior, abrimos mão de estar perto dos nossos familiares e amigos da vida. Mais ainda, temos que nos adaptar à uma nova cultura e um novo idioma. Reinventamos a nossa própria história. Mas uma coisa é certa, saímos da nossa terra natal seja para estudar, trabalhar ou experimentar o mundo, mas a nossa pátria está sempre dentro de nós.
Isso faz com que a gente sinta a proximidade com o Brasil, mesmo quando estamos a milhas e milhas de distância. Uma semana antes de começarem as manisfestações no país, eu assisti à minissérie “Anos Rebeldes”, que conta um pouco a história da ditadura militar. Coincidência rever depois de tanto tempo, o DVD de uma das obras-prima do mestre Gilberto Braga, um dos meus autores favoritos, e logo depois ver as fotos e as imagens do meu povo lotando as ruas das cidades brasileiras para lutar pacificamente pelos nossos direitos, um protesto que eu não via desde o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, que aconteceu pouco depois que o último capítulo da minissérie foi ao ar em 1992.
Há muito não via a democracia ser exercida de uma maneira tão brilhante. Lamento pela minoria que insiste em tentar estragar a festa com atos de vandalismo, mas celebro a maioria que foi para rua e fez jus a maior arquibancada do Brasil, como dita o hino deste manifesto espetacular, a música “Vem Pra Rua”, interpretado pelo cantor Falcão do Rappa. (A história da criação do jingle)
Me emociona o momento que o mundo está vivendo e a solideriedade entre as nações, que podem falar outro idioma e viver uma outra realidade mas, que se unem na luta pela liberdade. A Turquia e o Brasil, países geograficamente tão longe um do outro, estão mais próximas do que nunca neste momento de transformação.
Brasileiros e amigos do Brasil de diversas nacionalidades, que moram no exterior têm se unido nas cidades que vivem para manifestarem seu apoio. Em LA, o Brasil sem fronteiras aconteceu neste último final de semana, quando Hollywood parou para ver o Brasil desfilar no tapete vermelho.
Cerca de cem pessoas vestiram verde e amarelo e foram para a porta do consulado em Beverly Hills fazer coro pela democracia. A festa foi linda e confesso que o coração apertou numa mistura de felicidade e saudade ao ver os cartazes e as bandeiras colorindo as ruas da Cidade dos Anjos. Mais ainda ao ouvir as vozes animadas do meu povo cantando o hino nacional, e ver tanta gente, como eu, demonstrar seu orgulho pela pátria que, apesar de fisicamente distante, fazemos questão de levar por onde quer que a gente vá.
Que os protestos, os verdadeiros campeões de bilheteria da atualidade, marquem o começo de uma nova era! O gigante acordou e que ele se mantenha de pé, caminhando rumo à construção de um Brasil melhor, aliás de um mundo onde a democracia reine absolutamente em todas as nações!
