Minha Vida de Cão – Uma temporada para sempre

“My So Called Life”, foi exibido com o nome de “Minha Vida de Cão”, pelo canal Multishow em 1994. Foi um dos marcos da chegada da TV a cabo no Brasil. Naquela época, eu tinha acabado de mudar com a minha família para um novo apartamento no condomínio Califórnia, no bairro da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

Na época, para ter o sinal da Globosat (atual Net) era preciso uma antena parabólica. Dei a sorte que tinha no meu prédio, por acaso chamado Beverly Hills, pude assistir o show que hoje é um marco na história da televisão.

“Minha Vida de Cão” conta a trajetória de Angela Chase, interpretada pela atriz, então estreante, Claire Danes (hoje a protagonista da premiada série “Homeland” (favorita de Demi Deusa). Angela era uma jovem americana de 14 anos, filha mais velha de uma família classe média que mora no conservador estado da Pensylvania, próximo a Nova Iorque. Gente como a gente, Angela e seus amigos Rayanne, Rick, Brian e Sharon passavam pelos mesmos conflitos que qualquer um de nós passamos na adolescência. O dia a dia da escola, a relação com os pais e professores, os estudos X a diversão, as mudanças no corpo, os amigos de infância com ciúmes dos novos amigos e, claro, a descoberta do primeiro amor. Angela se apaixonou pelo rebelde e gato Jordan Catalano, interpretado pelo charmoso ator e cantor, Jared Leto que a princípio faria uma participação apenas no piloto da série, mas encantou a todos e foi contratado antes mesmo que o episódio fosse exibido.

 

 


Quando o seriado estreou no Brasil, já havia rumores que aquela seria sua primeira e única temporada. Mas numa era pré-internet as notícias demoravam mais para chegar pra gente. De qualquer forma, comecei a assistir e foi vício desde o primeiro episódio. O figurino era inovador, a trilha sonora um espetáculo a parte e os diálogos eram tão reais que, às vezes, eu pensava que a roteirista tinha ouvido minhas conversas no corredor do colégio. Apesar de já estar na faculdade quando a série começou, eu e as pessoas que eu conhecia e assistiam nos identificamos com cada uma das histórias contadas. Os atores, apesar de bem jovens, deram um show de interpretação. A personagem de Angela rendeu à Claire Danes seu primeiro Golden Globes, aos 15 anos de idade. BRILHANTE!

Infelizmente, o burburinho era verdade: “Minha Vida de Cão” foi cancelada pela ABC, emissora de TV que exibia o show nos EUA, após 19 episódios apenas. Até hoje nunca ficou claro o motivo. Alguns dizem que a série era “pesada” demais para a época, pois teve episódios que falavam de drogas, overdose e o personagem Rick, interpretado pelo excelente Wilson Cruz, era gay, e gostava de usar sombra e batom. Aliás, foi o primeiro personagem adolescente homossexual na TV norte-americana. A quem diga que foi a família de Claire Danes que não queria que a atriz, ainda muito jovem, continuasse com a pesada carga horário de trabalho (seriados semanais gravam em média de 15 a 17 horas diárias de segunda a sexta).

A verdade nunca foi revelada. Mas o fato é que o fim prematuro de “Minha Vida de Cão” deixou todos com o coração partido. O DVD da série lançado mais de uma década depois vem com relatos apaixonados não só nos comentários dos criadores, produtores e elenco durante os episódios mas, também, em um livro onde várias pessoas famosas, como a cineasta Diablo Coby declaram sua paixão pela série, seus personagens e contam como a história desta turma influenciou suas próprias vidas. Em seu filme “Juno”, Diablo faz uma homenagem ao falar de Tino, um personagem de “Minha Vida de Cão”, amigo de Jordan Catalano que nunca chegamos a conhecer.

Apesar de bem mais velha que Angela, Jordan Catalano foi também meu primeiro grande amor da TV. Quando vim morar em LA, há 4 anos, descobri que todas as fãs da série amam Jordan, inclusive Julie Plec uma das produtoras executivas de “The Vampire Diaries”. Nossa sorte é que podemos encontrar Jared Leto nos shows da banda 30 Seconds To Mars, da qual ele é vocalista.

 

 

Praticamente, 20 anos se passaram desde que o seriado acabou, mas o elenco volta e meia se reúne até hoje, na semana passada mesmo alguns dos atores da série, e sua criadora, se reuniram novamente no Texas e relembraram histórias do seriado que marcou não só a vida daqueles que trabalharam nele como, também, de uma legião de fãs do mundo inteiro.

E se você assistir “Minha Vida de Cão” agora, com certeza vai se identificar da mesma forma que nós, pois a série aborda os nossos segredos adolescentes mais íntimos na voz doce da querida Angela, em quem me inspirei ao pintar o meu cabelo de vermelho nos anos 90 e, de certa forma, também acho que namorei um menino que tinha um certo ar de Jordan Catalano por causa dela… às vezes a vida também pode imitar a arte.

“Minha Vida de Cão” é um daqueles seriados que pintam a cada século e marcam a vida da gente pra sempre! 🙂

6 comentários sobre “Minha Vida de Cão – Uma temporada para sempre

  1. Amei Minha Vida de Cão. E Amei, igualmente, Felicity. Exatamente porque os dois seriados abordavam conflitos muito semelhantes aos que a maioria dos adolescentes passaram. Show!

  2. Foi exibida pelo SBT também, em versão dublada, no ano de 1996, com o nome de “Minha vida de cachorro”, nos sábados à tarde. Eu tinha os episódios gravados em VHS, mas infelizmente os perdi em uma mudança.

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