“La La Land”, o livro inspirado na música de Demi Lovato

Por: Camila Sá

Comecei a ler fan fictions há alguns anos, quando gostava de RBD e o Orkut ainda bombava. Algumas comunidades eram feitas só para quem criava estórias e decidia publicá-las. Novos leitores entravam no tópico, ficavam conversando e se conheciam, aguardando todos juntos por mais um capítulo de qualquer que fosse a estória, na época conhecidas como “Web Novelas”. Mesmo assim, “La La Land”, livro escrito por Bruna Fontes, inspirado na música de Demi Lovato, não era mais uma fan fic, pois todos os personagens foram criados independentes da realidade. “A ligação com a Demi é unicamente devido à música. Um belo dia, eu a estava ouvindo e tudo se encaixou como um passe de mágica”, explica a autora que criou uma trilogia nos últimos quatro anos, embora apenas o primeiro volume tenha sido publicado.

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Eu lembro de uma vez ter entrado nessa comunidade, chamada La La Land, tinha uma capa muito linda da Demi com umas maçãs. Eu já estava lendo outras fics e resolvi deixar aquela para depois. Hoje em dia até me arrependo, porque ainda não descobri o que acontece com Roxy Winchester, a protagonista do livro, e já poderia saber há algum tempo. A saga para a publicação não foi nada fácil, Bruna relata que ficou um ano tentando contato com as editoras. “Não deu em nada. A maioria sequer respondia aos e-mails e, por mais que eu soubesse da dificuldade, não imaginava que seria tanta”.

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2013 trouxe a luz para o fim do túnel. A chance então chegou em um concurso via Facebook, quando não só leitores, mas também amigos virtuais da autora a ajudaram a divulgar e dar likes no post. Essa foi a segunda coincidência da narrativa com a vida real, pois a personagem de Bruna também realizou o seu sonho através de um concurso, além de ter sofrido muitos problemas em Hollywood e ter bulimia, assim como a dona da música que inspirou a estória. “Costumo brincar que 3L – como os leitores chamam carinhosamente o livro – é uma história meio psíquica, porque várias coisas que eu escrevi ali depois aconteceram na vida real. Eu fico arrepiada toda vez que penso nisso.”

 

 

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Alguns meses depois do lançamento de seu “filho”, Bruna Fontes topou falar um pouco sobre ele aqui no Hollywood É Aqui!

Hollywood É Aqui: Quando você começou a postar no orkut e como foi a recepção do público? Como eles começaram a ler a sua estória e ajudaram ela a crescer?
Bruna Fontes: Comecei em dezembro de 2009, uns dois meses depois de ter descoberto a comunidade “Só Webs”. A recepção não poderia ter sido melhor! Eu não esperava muita coisa, queria apenas postar minha web e torcer pra alguém ler. O que aconteceu foi que no primeiro dia apareceu tanta gente e o pessoal ficou tão empolgado que em horas o tópico da 3L (La La Land) já tinha mais de mil posts da galera. Foi surreal. E isso ajudou muito a criar o interesse das pessoas que frequentavam a comunidade a irem visitar e ler a 3L, para entender o motivo de tanto alvoroço. Os 3Lovers, como eles se chamavam, eram conhecidos na SW como os mais “apaixonados”, porque votavam loucamente nas enquetes, postavam o tempo todo pra bombar o tópico e viviam falando da história nos outros tópicos.

HEA: Qual foi o momento em que você percebeu que as pessoas estavam curtindo o que escrevia?
BF: Fiquei deslumbrada com o início caloroso, mas foi só quando eu vi que as pessoas continuavam ali ao longo dos meses e mais outras chegavam tão ansiosas por post que eu pensei: “Ei, isso está mesmo dando certo”. Foi graças a isso que comecei a pensar seriamente em publicar, porque eu sempre amei escrever, mas nunca tinha percebido o quanto queria isso na minha vida até aquele momento.

HEA: Por que trazer uma menina sonhadora e relativamente pura para um outro extremo do seu sonho? Isso me faz lembrar aquela frase “Cuidado com o que você deseja, pois pode acontecer”
BF: Gostei da frase! Acho que o motivo mesmo por ela ser uma mocinha pura antes é que ela não tinha qualquer experiência com a vida, assim como eu. Eu, aos dezesseis anos, (quando comecei a escrever a história) nunca tive que enfrentar qualquer problema ou testar a minha personalidade. Eu acreditava que sabia quem eu era, mas não tinha certeza porque nunca precisei sustentar isso em tempos de dificuldade. Sempre me perguntei se eu era mesmo a pessoa forte, doce e incorruptível que aparentava ser ou se isso mudaria. Até que ponto eu seria capaz de aguentar. Então a Roxy é o meu experimento, ainda pior do que eu porque ela não se conhecia nem um pouco. Eu peguei essa menina boazinha e a tirei da sua bolha, da sua zona de conforto. E não a coloquei nem no mundo real, mas em um lugar mais cruel ainda. Ao longo dos três livros, eu a pressionei de todas as maneiras possíveis, a fiz tomar todos os tipos de atitude e, finalmente, entender quem ela era de verdade por trás daquela personalidade inexplorada.

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HEA: Como você vê Hollywood e como foi o processo de construção do ambiente, você pesquisou pra poder inserir a Roxy nesse meio musical e superficial da fama?
BF: Eu usei muito do que eu sentia e enxergava através das notícias, fora que a música me ajudou bastante nisso. Eu vejo Hollywood como descrevo no livro: uma máquina. Tanto de sonhos quanto de destruição. É a maçã proibida que você morde e sente o melhor sabor da sua vida, mas depois disso se envenena. E ainda assim quer mais porque aquele sabor te viciou. Ser uma celebridade é glorioso, mas o preço que se paga é muito alto, principalmente para uma adolescente em plena fase de construção do caráter, de impulsividade e atitudes impensadas. Imagina ter que mostrar uma perfeição que não existe porque se você ousar ser normal a reprovação do mundo inteiro vai cair sobre você?
Não pensei muito em como fazer, o ambiente do livro simplesmente foi se construindo sozinho com base nas minhas crenças, nos depoimentos de artistas e nos tablóides. E, propositalmente, faço a Roxy subir e descer, oscilando entre a glória e a opressão.

HEA: O que a música e o livro La La Land representam pra você?
BF: Tanto a música quanto o livro foram o meu passaporte para descobrir aquilo o que eu queria fazer pro resto da vida e me deram essa oportunidade. Quando eu encontrar a Demi, (um dia eu vou) não serei capaz de agradecer o suficiente.

HEA: Qual foi a sensação de poder tocar no seu filho pronto/impresso?
BF: Tive que me segurar pra não chorar que nem bebê. Lembro que abracei minha mãe e pedi para ela não soltar, porque senão eu ia derramar um monte de lágrimas. E aí, você sabe, não ia conseguir parar. Foi incrível. Senti medo, amor, alívio, felicidade tudo misturado quando olhei para ele.

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