Netflix faz painel com criadoras, diretoras e atrizes na corrida ao Emmy Awards

Na semana passada, compartilhei a festona da Netflix que tive o prazer de prestigiar no Tudum, o teatro dentro do “QG” do poderoso streaming em Hollywood.

Se não viu ainda, vale a pena dar uma olhada:

 

 

Hoje, conto aqui como foram os painéis que contaram com a presença ilustre de atrizes, criadoras e diretoras das séries e documentário, que estão na corrida para receber uma indicação ao Emmy Awards, entre elas, Uzo Aduba, de “A Residência”, Justine Lupe, estrela de “Ninguém Quer” e Mara Brock Akil, criadora e showrunner de “Forever”.

 

 

O papo foi super interessante, especialmente quando elas compartilharam suas experiências como mulheres na frente e atrás das câmeras, o que as motiva como contadoras de histórias e muito mais.

 

Segue uma versão editada da conversa delas.

 

Sobre colaboração e aprendizado:

“Adoro contar todos os tipos de histórias. Gosto de explorar os seres humanos e todas as suas complicações, defeitos e belezas. Adoro fazer isso dessa forma maluca, com centenas de colaboradores. É um esporte de equipe”, diz a diretora de “Dia Zero”, Lesli Linka Glatter.

Tracy Wigfield, cocriadora e coshowrunner de “As Quatro Estações” falou sobre sua colaboração com Tina Fey: “Já criei outras séries sozinha, mas esta foi a primeira vez que colaborei, [além disso, eu estava] criando com Tina Fey e minha melhor amiga, Lang Fisher. Foi muito bom criar com essas duas outras mulheres, porque era quase como em um casamento, onde há dias em que uma pessoa diz, ‘está tudo uma merda’, e a outra,’não, não está tão ruim’. E aí você inverte essas posições. Foi muito bom não ter que ser sempre o líder do grupo, dizendo, ‘está tudo ótimo’, quando muitas vezes não está. Aprendi muito com as minhas co-criadoras”.

 

 

Karen Pittman, que interpreta Dawn em “Forever”: “Acho que o que mais aprendi nesse projeto foi a importância do elenco, de realmente dar espaço para o processo de outras pessoas. A maneira como alguém se torna um personagem é tão única quanto sua impressão digital. Ninguém vai fazer da mesma forma. E confiar em cada cena em que você entra. Acho que meu trabalho só se expande se eu me permitir realmente me abrir para a outra pessoa na cena comigo”.

 

Sobre desafiar as expectativas criativas:

Debora Cahn, criadora e produtora de “A Diplomata”: “Acho que o desafio é que você sabe que funciona, mas também sabe que a única coisa que você não pode fazer é o que acabou de fazer. Então, essa fórmula, seja lá o que for que você descubra apenas em retrospectiva, é algo bom que precisa ser fundamentalmente mudado para se manter vivo. Mas existe uma espécie de ato de fé: algo tem que ser completamente diferente, senão vai ficar velho. Vai ficar sem graça. Eles não vão nos convidar de volta”.

 

 

Wigfield: “Tina [Fey], Lang [Fisher] e eu fizemos “30 Rock” — um programa de comédia, rápido e com um tom bem específico, típico de uma emissora de TV. E acho que havia um sentimento entre nós três, tipo, ‘e se tentássemos algo diferente?’. E, quando começamos, não tínhamos certeza de como seria. E acho que estávamos muito nervosas, tipo, ‘será que as pessoas vão assistir e pensar, por que não é 30 Rock? Estou furioso’. E talvez alguém esteja mesmo. Mas a nossa sala de roteiristas é formada por muitos amigos de longa data. Foi tão interessante, esses roteiristas de comédia que eu conhecia há anos e já tinha passado horas escrevendo piadas juntos — mas até ‘Quatro Estações’, eu realmente não sabia nada sobre a relação deles com suas esposas, mas agora eu sei, porque começamos esse projeto com um compromisso, ‘ok, todos nós queremos fazer isso de forma diferente, então vamos ser realmente ser honestos sobre o que está acontecendo em nossos casamentos, e quais são as partes mais engraçadas, mais sombrias e mais estranhas de ser casado e de sermos amigos de longa data’. Foram dessas conversas que nasceu a série”.

 

 

Mara Brock Akil, criadora de “Forever”: “Conversei com Judy Blume sobre o livro que realmente me mudou (a série é baseada no livro). Senti que fui ouvida, vista, compreendida por alguém disposto a falar sobre a verdade, sobre o que potencialmente era meu futuro próximo. Então, “Forever”, para mim, é minha carta de amor a todas as crianças, mas especificamente quis criar um espaço para meninos e meninas pretos, assim como Judy criou um espaço para que eu refletisse sobre quem eu poderia ser no futuro”.

 

 

Katie Walsh, diretora de “Simone Biles em Ascensão”: “Uma das primeiras coisas que [Simone Biles] me disse foi: ‘Gostaria que as pessoas me conhecessem como Simone, não apenas Simone Biles’. E mantive essa ideia como fio condutor de todo o processo, porque todos a conhecemos como a melhor de todas as ginastas, e a vemos nesses grandes momentos de sua carreira, em que ela enfrentou tantas adversidades, e isso, obviamente, ajudou a definir a pessoa que ela se tornou. Mas, quando você analisa isso, ela é, antes de tudo, um ser humano. E tentar estar com ela e sentar com ela em alguns desses momentos mais tranquilos e nesses momentos que talvez sejam até um pouco mais comuns e normais, permite que você entenda mais sobre quem ela é como pessoa. E então, quando você soma todas as experiências que ela teve em sua vida pessoal, o que ela faz no tatame de ginástica fica ainda mais impressionante. Entender Simone, a pessoa, em primeiro lugar na narrativa, foi muito importante para mim”.

 

 

Sobre dicas para os atores que estão começando:

Susan Kelechi Watson, que interpreta Jasmine Haney em “A Residência”: “Acho que no nosso coração, quando decidimos atuar, tem que haver um pouco de rebeldia, um lugar que diga, ‘eu nem sei se vejo espaço para mim, mas estou criando um’. Não se preocupe em tentar ser todo mundo. Não se preocupe em tentar fazer de uma certa maneira. Concentre-se realmente no seu próprio superpoder e no que faz de você quem você é, e então siga em frente até que as rodas parem. Apoie-se nisso. Se eu soubesse desde o início que não deveria tentar me misturar, mas continuar explorando este navio e como ele se move através de mim, acho que teria sido mais fácil e, hoje, eu dou conselho para mim mesma”.

Justine Lupe, que interpreta Morgan em ‘Ninguém Quer”: “Eu diria o mesmo conselho que Susan. Eu estava lendo ‘O Alquimista’ recentemente, e há esse sentimento de simplesmente voltar a seguir seu coração, seguir a coisa que te trouxe até aqui. E acho que é para isso que eu mais me volto quando estou sentindo a instabilidade, ou o medo, ou o terror, ou a sobrecarga da carreira. Voltando para, ‘por que estou aqui? Estou seguindo meu coração. E essa é a única coisa que eu realmente posso fazer. É a única coisa em que eu realmente posso confiar’. E há algo sobre usar isso como uma âncora — sempre dá certo. Eu apenas penso em mim quando criança. Eu realmente me volto para, ‘você amava isso quando criança. Você estava fazendo pequenos vídeos com seu irmão quando você tinha 5 anos. Ele estava filmando e você estava atuando…’. Há algo de confiável em dizer, ‘isso está em mim desde que eu era um bebê’. Então essa é minha inspiração pra seguir nos momentos difíceis”.

 

 

Uzo Aduba, que interpreta Cordelia Cupp em “A Residência”: Acho que eu diria a um ator promissor para ouvir, mas também para confiar. Você se encontrará nos momentos mais singulares, em que alguém pode te dar uma dica ou conselho. Talvez essa pessoa tenha dado cinco passos à sua frente, esteja na metade do caminho, tenha feito a maratona inteira e possa ter algo a compartilhar que valha a pena ouvir. E você absorve isso. E então eu acho que as pessoas podem te dizer algo, e você tem que saber onde está o seu coração, saber quem você é, e confiar que essa pessoa é suficiente, e apostar nela todas as vezes. Alguém pode estar te dando conselhos porque foi difícil para essa pessoa seguir esse caminho, mas difícil não é o mesmo que impossível. Então, só porque é diferente, você é diferente, seu temperamento pode ser diferente, confie nisso, porque alguém estará procurando por você. Sempre aposte nisso. Mas você também precisa ter um certo nível de humildade intelectual para poder encontrar alguém que tenha algo a oferecer. Seja sábio o suficiente para ouvir, eu acho”.

 

 

Susan e Uzo ainda contaram que ficaram maravilhadas com o cenário de “A Residência”, que é uma réplica fiel da Casa Branca, “eu sabia que era cenário, mas tinha medo de derrubar alguma coisa, no início nós éramos super cuidadosos porque o cenário intimidava”, contou Uzo. “Mas depois de um tempo, gravando horas e horas, a gente relaxou e, no final, já colocava o pé pra cima no sofá”, acrescenta Susan, aos risos.

 

 

Justine e Karen dividiram a alegria de rodar suas séries em Los Angeles, coisa rara hoje em dia: “eu tinha acabado de ter bebê, quando rodamos a série e eu moro em LA, então foi um presente poder estar tão perto de casa, além de mostrarmos a beleza de uma história de amor que acontecem aqui gravando aqui”, disse Justine. E Karen complementou, “eu também tive esse privilégio e acho que foi muito importante mostrarmos a diferença social dos personagens em ‘Forever’, em LA. Foi conveniente e especial, além de geramos empregos na cidade, o que é relevante pois grande parte dos atores e da equipe mora aqui mesmo. Trouxemos Hollywood para Hollywood”.

 

 

Eu amei passar um tempo com esse grupo de mulheres criativas e inspiradoras. Assisti todas as séries e o doc e foi ótimo conhecer quem ralou na frente e por trás das câmeras. Especialmente Débora e Lesli, que fizeram juntas “Homeland”, um dos meus seriados favoritos de todos os tempo.

Devo dizer que sinto falta de mulheres latinas e indígenas nesses eventos, pois isso reflete a pouca representatividade dessas classes no mundo do entretenimento. Espero que esse cenário mude para melhor na próxima temporada.

Deixo aqui a minha homenagem às latinas e indígenas que trabalham na indústria do entretenimento e, muitas vezes, não são valorizadas como mereciam!

 

Fonte do post: https://www.netflix.com/tudum/articles/rebels-rulebreakers-fysee-la

 

 

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