Nos 3 Anos de HEA: A presença de Esther Earl em entrevista especial

Hoje o site do Hollywood é Aqui completa 3 anos e a data de lançamento do nosso projeto não é dia 30 de novembro por acaso, este dia é um dos mais importantes para mim, pois hoje, Gladys, minha mãe e matriarca do HEA celebra mais uma primavera.

Ha dez anos mamãe foi diagnosticada com um câncer de rim. Venceu com sucesso a batalha e renasceu desta experiência ainda mais forte. Uma década depois daquele período conturbado, estamos aqui celebrando, com a graça de Deus e São Judas Tadeu, o seu aniversário.

 

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Em homenagem a este dia tão especial para nós, tenho a honra de publicar a entrevista que fiz por telefone com a super simpática Lori Earl, ela é mãe de Esther a quem John Green dedicou seu belíssimo livro, “A Culpa é das Estrelas”. Esther partiu prematuramente, vítima de um câncer de tireoide, mas em apenas 16 anos mudou a vida de sua família, de seus amigos, e mesmo a minha, através do livro “A Estrela Que Nunca Vai Se Apagar”, com textos, desenhos, trechos dos diários da própria Esther e depoimentos de John, sua família e amigos.

No papo com Lori, nós falamos de sua batalhadora filha, cujo nome do meio é Grace, nome da personagem do livro de John escrito em sua homenagem e também da minha avó, que já partiu, mas foi uma das maiores incentivadoras do meu lado criativo desde a infância. Conversamos também sobre o desafio de viver com esta perda, da sua filha que faz faculdade na Califórnia. Lori me contou também sobre o dia que John Green ligou para ela e o marido dizendo que queria dedicar seu livro a Esther, e entre outros assuntos destacamos a ONG que Lori administra “This Star Won’t Go Out” e recebemos suas dicas de como ajudar a comunidade onde residimos, porque esta é a melhor maneira de celebrar o espírito de Esther.

Segue a nossa entrevista que dedico a minha mãe, no seu dia especial, à Grace, meu anjo criativo, à Esther cuja história de vida me ensinou a dar ainda mais valor e celebrar as pequenas coisas não só através de palavras mas com atitudes. Para Lori Earl e toda a sua família por compartilharem comigo e com o mundo a sua história:

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Como nasceu a ideia do Livro “A Estrela Que Nunca Vai Se Apagar”

Quando você perde um filho é difícil, você não tem vontade de fazer nada e ao mesmo tempo quer fazer alguma coisa.

Quando Esther morreu meu marido e eu fundamos a ONG “ This Star Won’t Go Out (A Estrela Que Não Vai Se Apagar) e eu passei a maior parte do tempo me dedicando a nossa fundação, que tem por objetivo ajudar famílias que têm um filho com câncer. (Nós já distribuímos mais de 300 mil dólares para famílias residentes nos EUA.)

Eu mergulhei na fundação e meu marido começou a se dedicar a escrever a biografia da Esther. Ele mandou para o John (Green) e o John perguntou se poderia enviar para a editora dele. Assim foi feito. A editora retornou pra nós perguntando se podíamos focar o livro na voz de Esther, para que fosse mais uma autobiografia, e nos gostamos da ideia e baseamos o livro nos últimos dois anos de vida de Esther (dos 14 aos 16 anos), em seus desenhos, escritos, sua voz, como nos sugeriram.

Quando mandamos o material para o John Green, nós sabíamos que ele tinha um grupo grande de fãs, como os Nerdfighers que poderiam se interessar pela história de Esther, mas não tinhamos ideia que uma grande editora ia querer publicar o livro. A gente imaginava que a vida de Esther poderia inspirar muita gente, mas não tínhamos ideia que ganharia esta proporção, e que receberíamos toda esta respostas de pessoas de várias partes do mundo. A dimensão do sucesso do livro foi uma surpresa para nós. O livro foi lançado nos EUA e na Inglaterra quase simultaneamente, depois no Brasil, Rússia, Turquia e agora na Espanha e Austrália. Nós recebemos mensagens lindíssimas de todos os lugares do mundo, mas sinceramente as mais tocantes vêm do Brasil. A resposta dos brasileiros é fantástica.

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O Carisma de Esther

Esther não começou a escrever porque ela tinha câncer, ela sempre escreveu, desde criança, e ela não estava escrevendo para uma audiência, ela escrevia sobre ela mesma, seus interesses, o sentido da vida, acho que por isso as pessoas se identificam tanto com ela. Muita gente nos fala: “nossa a Esther escreveu exatamente o que eu sinto. Parece que ela me conhece ou falou diretamente para mim.”

As pessoas se sentiam muito confortáveis com ela. Esther tinha um dom de fazer todo mundo se sentir aceito, independente da sua sexualidade, se a pessoa tinha depressão, e o John percebeu isso e ele mesmo se diz que por isso eles ficaram amigos, ele também se sentia confortável perto dela.

A Culpa É Das Estrelas

John estava tentando escrever uma história sobre crianças com câncer há dez anos, por conta de uma experiência que ele teve trabalhando num hospital que tratava crianças com câncer. Quando Esther faleceu, ele jogou fora os rascunhos que tinha da história anterior e começou a trabalhar na que viria a ser “A Culpa é das Estrelas”.

Quando ele terminou o manuscrito, John nos ligou e disse que ele estava trabalhando neste história e queria dedicá-la a Esther e nos perguntou se podia (risos). E eu fiquei imaginando a Esther, super fã dele, (assistam o video abaixo, a própria Esther conta da histeria dela ao conhecer John Green na convenção de Harry Potter) sabendo que John Green iria dedicar um de seus livros a ela.

 

 

E John nos mandou o manuscrito, nós lemos (eu e meu marido), fizemos alguns comentários. Logo que comecei a ler, tive a impressão de estar lendo a história da Esther, mas a medida que prosseguia, eu entendi que era ficção, mas, claro, que tem vários pontos em comum com a história dela.

Acho que a reação de Esther diante do livro e da dedicatória de John seria incrível, ela não ficaria chocada, nem orgulhosa, mas extremamente feliz.

Aliás, muitos dos amigos de Esther, até hoje continuam trabalhando em projetos do John Green como o site http://store.dftba.com (Don’t Forget To Be Awesome), ela foi o elo entre as pessoas e e especial saber que o grupo continua unido.

Nós também mantemos contato com a turma, eles nos chamam de “Mamãe” e “Papai” Earl ou Mr and Mrs. Weasley do Harry Potter e somos todos amigos no Facebook.

A família Earl 5 anos depois do falecimento de Esther em 2010

Quando perdemos um ente querido, nós nunca vamos deixar de sentir essa perda. Mas é como um ferimento, no começo dói muito, profundamente, mas eventualmente, o machucado cicatriza. Você nunca vai esquecer, mas vai aprender a lidar com a ausência. E isso serve não só para aqueles que perderam um filho ou membro da família, mas para qualquer tipo de perda, como por exemplo quando os pais se divorciam, se você perdeu sua casa em um incêndio, e nós lidamos com essas perdas da mesma forma, com raiva, tristeza, todas as fases são reais, mas à medida que o tempo passa, tudo se acalma.

Minhas duas filhas mais velhas estão ótimas, Abby e Evangeline, Abby mora na Califórnia e diz que nunca mais vai voltar. Elas não falam tanto da Esther, nós nunca paramos de falar dela, mas elas não comentam com tanta frequência. Mas eu e meu marido falamos dela o tempo inteiro, então as meninas sempre nos ouvem. Aliás, na verdade, minha filha Evangeline foi me representar em um evento na Califórnia, logo depois que o filme – “A Culpa é das Estrelas” – estreou. E ela escreveu um artigo incrivel sobre Esther para o Washington Post também. Cá esta o link para quem quiser conferir: https://www.washingtonpost.com/opinions/my-sister-esther-inspired-the-fault-in-our-stars-the-movie-is-her-sequel/2014/06/12/504c2ca4-efef-11e3-914c-1fbd0614e2d4_story.html

Temos ainda os dois meninos, Graham e Abraham, sendo que Graham tem problemas de fala, ele e Esther eram muito próximos, a diferença de idade deles era de apenas 1 ano e meio. Esther era a única que conseguia entendê-lo, muitas vezes nós perguntávamos a ela o que Graham estava tentando dizer. Foi difícil para ele, nos primeiros dois, três anos ele não conseguia falar dela, se referia a Esther como “aquela que morreu”, mas agora ele fala de Esther normalmente.

E, claro, tem o nosso caçula, que agora está com 12 anos, ele não lembra tanto dela, mas adora assistir aos vídeos de Esther, ele se diverte.

Minha família está bem, meus filhos estão ótimos, só acho que perdi a Abby pra Califórnia para sempre. risos.

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A FUNDAÇÃO: This Star Won’t Go Out

Ajudamos financeiramente famílias que moram nos EUA, mas não necessariamente cidadãos americanos, na verdade uma das famílias que ajudamos recentemente é brasileira. Dani, a filha deles, que fez videos de maquiagem, está se tratando no “Children’s Hospital”, em Boston. Nós levamos para ela de presente um pôster de “A Culpa é das Estrelas” assinado, e foi na última semana dela, nos seus últimos dias.

Nós vivemos de doações, da vendas dos produtos e braceletes da nossa fundação, e de eventos que as pessoas fazem pelo mundo afora para angariar fundos que recebemos e ajudamos as famílias.

Mas eu encorajo as pessoas a fazerem eventos e angariarem fundos para ajudar os projetos nas suas próprias comunidades. Esther queria que a vida tivesse um significado, eu acho maravilhoso as crianças se movimentarem e fazerem uma campanha para beneficiar a nossa fundação, mas também à comunidade onde vivem, mesmo que a nossa fundação não receba o benefício diretamente, fazendo isso, elas estão celebrando Esther e era exatamente o que ela queria.

Para Encerrar: Esther Day

Esther Day foi como Esther disse a John Green que queria ser lembrada, no dia de seu aniversário, 3 de agosto, todas as pessoas professam seu amor, como diz Lori é o Dia dos Namorados para os outros tipos de amor, a família, aos amigos, nós também celebramos o Esther Day este ano:

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Vamos aproveitar que estamos festejando a minha mãe, minha avó, Esther, Lori e sua família, minha querida amiga e braço direito, Mônica, todos vocês amados leitores e amigos do Hollywood é Aqui, nossos parceiros e colaboradores, nossos 3 anos de caminhada juntos neste site, no melhor espírito do Esther Day e dizer:

EU AMO VOCÊS! Obrigada por compartilhar comigo suas histórias. Obrigada por fazer parte do meu sonho e por me ajudar diariamente a transformá-lo em realidade.

E para encerrar uma frase de Esther que seus pais encontraram, após a sua partida, numa carta que ela tinha escrito:

“Apenas seja feliz, e, se você não conseguir ficar feliz, faça coisas que o deixem feliz. Ou fique sem fazer nada com as pessoas que o fazem feliz.” – Esther Earl.

“Just be happy, and if you can’t be happy, do things that make you happy. Or do nothing with the people that make you happy.”
― Esther Earl, This Star Won’t Go Out: The Life and Words of Esther Grace Earl

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Um comentário sobre “Nos 3 Anos de HEA: A presença de Esther Earl em entrevista especial

  1. Obrigada por compartilhar essa matéria linda conosco! Adoro os livros do John e a história de Esther me mudou muito, também passei por momentos difíceis e ler o livro dela me ajudou muito. Parecia que eu a conhecia a muito tempo. Ela e uma amiga que hoje não está mais aqui Talia me deu a iniciativa de fundar um grupo que ajuda crianças com câncer aqui no Brasil “Together We Are Strong” e eu sou muito grata a elas e a Deus por isso .

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