Pra fechar a cobertura do NYFF: Um filme clássico e um documentário perturbador

Para encerrar com chave de ouro a nossa cobertura do Festival de Cinema de Nova York em 2018, um filme clássico de Orson Welles e um documentário pertubador com Steve Bannon, o estrategista das campanhas de Donald Trump e Jair Bolsonaro.

“O Outro Lado do Vento” foi o último filme do excêntrico e brilhante diretor Orson Welles, cujo filme “Citizen Kane” foi a primeira resenha sobre cinema que fiz na minha vida, para a aula de Introdução ao Cinema, na faculdade de Comunicação Social, no Rio em 1991. O trabalho de Orson Welles marcou a minha vida pessoal e acadêmica. E, ao longo da jornada, me tornei sua fã de carteirinha.

“O Outro Lado do Vento” começou a ser rodado em 1970 e terminou em 1976, ficando no limbo por 48 anos, até que a Netflix, este ano, resolveu finalizá-lo e lançá-lo com todo o glamour que a história contatada por este diretor genial, falecido em 1985, merece. O filme é uma daquelas provas que cinema é mesmo a sétima arte. E foi um grande privilegio assistir em primeira mão e, ainda, ficar frente a frente com Martin Scorsese que participou, juntamente, com os produtores Frank Marshall e Filip Jan Rymsza, o produtor executivo Peter Bogdanovich, o editor Bob Murawski e o documentarista Morgan Neville, de um bate-papo, após a exibição do filme “O Outro Lado do Vento”, com Kent Jones, diretor do festival de cinema de NY. Foi uma noite inesquecível, que me lembra o privilégio de ter um trabalho que me diverte e me dá a chance de conhecer as mentes brilhantes por trás de filmes como este, que tem estreia prevista para 2 de novembro de 2018, na Netflix Brasil. Não deixem de conferir.

 

 

“O Outro Lado do Vento”
Data de lançamento 2 de novembro de 2018 na Netflix (2h 02min)
Direção: Orson Welles
Elenco: John Huston, Peter Bogdanovich, Susan Strasberg mais
Gênero: Drama
Nacionalidades: França, Irã, EUA
Cercado de fãs e céticos, o já grisalho e ainda mais temperamental diretor, J.J. “Jake” Hannaford (interpretado por John Huston) retorna aos Estados Unidos após passar anos na Europa com a intenção de reconquistar Hollywood fazendo um longa-metragem inovador. Porém, Hannaford enfrentará diversos embates com executivos da industria cinematográfica que tentarão impedir a produção do filme, considerado pelo cineasta uma futura obra-prima. A representação máxima de uma carreira que só poderia ter sido realizada pelo cineasta mais aventureiro de todos: Orson Welles.

Trailer legendado:

Minha peruca voou ao assistir o documentário “American Dharma”, não só pelos detalhes que Steve Bannon, estrategista da campanha de Donald Trump, compartilhou mas, também por notar as semelhanças entre a campanha do predador nos EUA e do talvez futuro predador que querem eleger como Presidente do Brasil, o tal Jair Bolsonaro. Isso porque no dia que vi “American Dharma”, no Festival de Cinema de NY, eu ainda não sabia que, de fato, Bannon também está dando consultoria para a campanha de Bolsonaro no Brasil, ou seja, não era apenas uma semelhança, mas uma cópia. Uma amiga americana me perguntou porque os brasileiros não aprenderam com o erro de ter um presidente preconceituoso como Donald Trump no poder e querem eleger alguém similar, em um país que teve até ditadura militar. Eu, realmente, não entendo, porque o argumento “eu tenho ódio do PT” não cola pra mim. Não tenho nenhum amor pelo partido e não votei no candidato deles no primeiro turno, mas entre eleger um facista ditador e um representante político de um partido que eu não curto, mesmo insatisfeita, fico com a segunda opção. Detesto política e não falo de política no site mas, desta vez, acho que é meu dever, como brasileira e mulher, compartilhar o que penso sobre o assunto. Especialmente, depois de assistir este documentário que me deixou, realmente, incomodada de como foi mais fácil do que as pessoas inteligentes podiam imaginar, em eleger um apresentador de TV bilionário, sem nenhuma experiência política, para liderar o país mais potente do mundo. Eu indico a todos, mesmo quem, como eu, não é muito chegado no assunto a assistir a este documentário, que é uma aula do que devemos levar em consideração numa campanha presidencial, para não cairmos na laia dos candidatos racistas, com discurso populista.

Director: Errol Morris
Star: Stephen K. Bannon
“American Dharma”
O novo filme de Errol Morris é um encontro com ninguém menos que Steve Bannon – estrategista da campanha de Donald Trump, autoproclamado guerreiro “populista. No documentário Morris questiona Bannon sobre os marcos mais perturbadores e decisivos em sua carreira como libertário/ anarquista/ativista, da Breitbart News. ‘derrubada de Anthony Weiner para e sobre a aliança incendiária de Bannon com o nosso atual presidente, Donald Trump. Dharma americano é um filme inflexível e uma experiência profundamente perturbadora. Para citar William Carlos Williams, “Os produtos puros da América enlouquecem…”

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