Realidade abusiva e opressora é foco do longa Entre Mulheres

“Entre Mulheres” é o tipo de filme necessário. Aborda muitos assuntos relevantes. Mas não é fácil de ver, os diálogos são longos e intensos, os figurinos são escuros e são poucas as trocas de cenário, embora a fotografia seja linda. Conheço gente que achou chato, mas eu amei e vibrei quando recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria melhor filme.

Baseado no livro homônimo de Miriam Toews e inspirado em eventos reais ocorridos na colônia de Manitoba, na Bolívia, “Entre Mulheres” segue as mulheres da comunidade religiosa que lutam para conciliar sua fé com a realidade. Em 2010, as mulheres da comunidade isolada seguem a religião da igreja Menonita, e acabam descobrindo um segredo chocante sobre os homens da comunidade, que controlaram suas vidas e fé. É revelado que os homens usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos, às vezes, resultando em gravidez. É tradição da comunidade menonita manter a mulher em um estado sem educação, sem escolaridade e analfabetismo, com o objetivo de ajudá-la a ser totalmente subserviente aos membros masculinos da comunidade e às suas necessidades. Fonte: AdoroCinema

Estivemos com a brilhante roteirista e diretora Sarah Polley, os atores Claire Foy e Ben Whishaw, e a produtora Dedé Gardner no Deadline Contenders, em LA.

Sarah, que merecia também ter sido indicada na categoria melhor roteiro adaptado e melhor direção (infelizmente, nenhuma mulher foi indicada ao Oscar 2023, na categoria melhor direção), comentou sobre a adaptação do livro, “quando eu li fiquei fascinada pela história que já era um filme por si só. Foi um dos projetos mais significativos que fiz até hoje, tanto como roteirista, quanto como diretora, foi uma das equipes e elenco mais especiais com quem já trabalhei”.

Claire corroborou, “sim, foi um projeto muito especial para todas nós. O grupo de mulheres que trabalhou incansavelmente, nos bastidores também, para realizar esse trabalho, foi sensacional. Uma honra fazer parte desse grupo de atrizes e atores. Não é sempre que temos a chance de mergulhar em um roteiro tão bem escrito, que mostra o poder das mulheres quando elas se unem em prol de um objetivo”.

     

Ben Whishaw concordou e falou sobre o que tem em comum com o seu personagem: “o August está lá para dar suporte àquele grupo de mulheres em um momento vulnerável, quando elas descobrem as verdades sobre os homens daquela comunidade, ele é diferente, discorda da violência que elas viviam e ajuda no que pode. É um coadjuvante que age pra facilitar a fuga dela. E eu era um coadjuvante assistindo o show de atuação dessas atrizes incríveis. Tanto August como eu, somos fãs delas”.

A produtora Dedé Gardner, também, ressaltou a química do elenco para o sucesso do projeto, “em um filme como esse é imprescindível que os atores estejam à vontade entre si. E foi o caso, o que facilitou o trabalho em termos de produção e, com o talento da Sarah, o resultado é uma obra prima. Foi um projeto inesquecível mesmo”.

“Entre Mulheres” é o tipo de filme que me deixa pensando ao sair do cinema. Achei também um reflexo da nossa realidade e da extrema direita que usa elementos, como a religião, para justificar abusos sexuais e psicológicos. Por isso, acho tão importante que seja visto pelo mundo afora. E sua presença entre os indicados ao Oscar traz ainda mais prestígio, necessário para o filme atingir uma maior audiência. Importante lembrar que o entretenimento também tem a função de educar e ensinar. “Entre Mulheres” cumpre brilhantemente esse objetivo, além de tocar o coração e emocionar a alma. Imperdível mesmo!

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