Charlize Theron, mesmo muito gripada (“não é Covid”, ela afirmou), fez questão de apresentar a sessão exclusiva de “To Leslie”, na CAA, em Los Angeles.
A atriz, que não faz parte do elenco ou da produção do filme, nos avisou “se preparem que vocês estão prestes a assistir 2 horas de pura mágica”. Fã de “To Leslie”, ela complementou que Hollywood deveria produzir mais filmes como esse: “a cena que Leslie fala pro filho que está triste, é uma das mais bonitas que já assisti na telona. Um show de atuação (da protagonista, interpretada pela brilhante Andrea Riseborough)”.
E Charlize estava certa, não só sobre a cena que mencionou, mas, também, sobre as 2 horas de pura mágica. “To Leslie” é mesmo um daqueles filmes que nos fazem refletir por muito tempo, depois de terminar a sessão.
Inspirado na história real do roteirista Ryan Binaco o filme acompanha a trajetória de uma mãe solteira do oeste do Texas que ganha na loteria, e desperdiça o prêmio com a mesma rapidez que recebeu, deixando para trás o filho, as dívidas e um mundo de desgosto. Anos depois, com seu charme se esgotando e sem ter para onde ir, ela procura a família e luta para reconstruir sua vida e encontrar a redenção.
No bate-papo depois da exibição, Andrea Riseborough conta que o que mais mexeu com ela foi a chance que Ryan (o roteirista) deu à mãe de ter uma jornada no cinema diferente do que aconteceu na vida real: “Binaco já falou sobre isso, por isso fico à vontade de comentar o assunto, o que vocês viram no final não aconteceu com a mãe dele, mas ele queria reescrever a história dela para que seu destino fosse mais promissor no filme, já que a realidade foi bem diferente. Muito bonito da parte dele, fiquei tão comovida quando li o script. Fico muito feliz em ter sido convidada para dar vida à Leslie. Foi um dos presentes da minha carreira. Sem contar que também foi especial trabalhar novamente com o Owen (o ator interpreta James, seu filho no filme), eu já tinha sido sua mãe em outro projeto há anos, foi ótimo reencontrá-lo”.
O diretor Michael Morris, acrescentou: “o roteiro deste filme realmente é sensacional, muito profundo, mas foi um presente poder reunir Andrea e Owen, que como já tinham trabalhado juntos e interpretado mãe e filho, tinham uma química e uma intimidade que facilitou meu trabalho como diretor. Além disso, os atores estavam sem se encontrar pessoalmente o mesmo número de anos que os personagens, uma coincidência que foi importante para o filme”.
Participaram também da conversa Marc Maron e Andre Royo, que interpretam Sweeny e Royal, respectivamente.
Marc confessou que chegou a pensar em recusar o convite do diretor, “eu nunca tinha feito nada parecido, cheguei a achar que esse personagem não era pra mim, mas, depois de conversar com o Michael e me encantar com o roteiro, eu resolvi dar uma chance pra mim mesmo. Trabalhar com esse elenco maravilhoso, um diretor competente também foi uma honra pra mim e devo dizer que gostei muito do resultado”.
Já André diz que correu atrás de Morris, depois de ler o script, para fazer o filme, “eu fiquei muito mexido e senti que poderia contribuir através do personagem Royal, que é pra lá de interessante. Procurei Michael e ainda bem que o convenci de me dar uma chance. Foi um dos projetos mais especiais que trabalhei até hoje”.
“To Leslie” é o tipo de filme que eu realmente gosto. Um texto belíssimo, inspirador, bem interpretado e dirigido, produzido com pouco dinheiro, mas muito amor que a gente sente ao assistir. Infelizmente, nem sempre os “indies” (filmes independentes) são valorizados como poderiam, especialmente por não terem orçamento para uma campanha de marketing milionária. Mas, concordo com a Charlize, Hollywood deveria investir em mais projetos como esse, que deixam marcas profundas no público, que se identifica com vários momentos da jornada desses personagens tão humanos.
Fica a nossa dica para aqueles que procuram uma história de superação.
