Os filmes que estão concorrendo ao Oscar 2025, com “Ainda Estão Aqui”, na categoria filme internacional, são obras de arte.
E, na minha sincera opinião, além do nosso filme, “A Garota da Agulha”, “Flow” e “A Semente do Fruto Sagrado” são infinitamente melhores que “Emília Pérez”, o favorito a receber a estatueta, que eu assisti em outubro, antes da estreia, antes de bater recorde de indicações ao Oscar, antes da controvérsia da Karla e seus tweets mas, como não curti mesmo o filme e, em respeito aos artistas envolvidos, nunca falei sobre o projeto que também não vai ganhar destaque nesse post como os demais.
Agora que tiramos o elefante branco da sala, vamos focar nas obras que merecem ser prestigiadas nessa importante categoria, que celebra filmes que são falados em idiomas não inglês e produzidos fora da bolha de Hollywood.
Eu sou inimiga número 1 de spoilers mas, especialmente no casos desses filmes, eu aconselho os cinéfilos a consumirem o mínimo de informações sobre as obras. Foi o que fiz e garanto que vocês vão se surpreender positivamente.
Aqui eu compartilho como me senti, sem dar spoilers. Pra começar uma dica prática: “A Garota da Agulha” e a “Semente do Fruto Sagrado” são filmes com temas bem pesados, “Flow” também, mas é o mais light dos 3. Eu assistiria os pesados primeiros e, pra relaxar, a animação. Mas Flow também pode ser o filme do meio. Acredite em mim, os filmes são tão bons que você vai terminar todos, mas vai precisar de refresco, ou no intervalo ou pra concluir a maratona.
A Garota da Agulha – Dinamarca
Esse é um dos filmes mais impactantes que assisti sobre aborto, até porque é baseado em uma história real. Eu assisti no cinema e ninguém se levantou logo que acabou. Todo mundo precisou de uns minutos para processar. Isso também prova a qualidade da obra. O roteiro é excelente, a fotografia, que na minha opinião deveria ter sido indicada ao Oscar, é belíssima e o elenco excelente. A direção também é espetacular.
E fica a pergunta, até que ponto existe má intenção em certas atitudes horrendas?
Uma certeza eu tenho, vou pensar nesse filme por anos.
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A Garota da Agulha A Garota da Agulha se passa em Copenhague após a Primeira Guerra Mundial. A jovem e trabalhadora Karoline (Vic Carmen Sonne) é uma operária que perde seu emprego por conta da sua gravidez, fruto de um caso amoroso com seu abastado chefe. Com o desaparecimento de seu marido em combate e o relacionamento fracassado entre ela e seu patrão, Karoline se vê abandonada e sozinha, caindo numa situação miserável cada vez maior. Um dia, a garota encontra consolo e uma forma diferente de sobreviver com Dagmar (Trígono Dyrholm), uma carismática mulher mais velha, diretora de uma agência de adoção clandestina que vive sob o disfarce de uma loja de doces. Karoline e Dagmar criam uma conexão e um vínculo intensos, mas o mundo da jovem desaba quando ela percebe o peso do trabalho de Dagmar, no qual já estava envolvida involuntariamente. Uma descoberta chocante coloca Karoline de novo diante de um horror insuportável. Fonte: AdoroCinema Direção: Magnus von Horn |
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A Semente do Fruto Sagrado – o filme se passa no Irã, mas a produção é alemã
Um dos filmes mais corajosos produzidos nos últimos tempos. Foi rodado em segredo, contra o regime/ ditadura do Irã, durante os protestos pela liberdade das mulheres andarem sem os véus. Admiro e respeito profundamente o diretor, o elenco e a equipe que arriscou a vida para terminar esse projeto que, sinceramente, eles achavam que não conseguiriam chegar ao fim. Se fossem descobertos corriam risco de vida. Mas, a missão foi cumprida com sucesso. Rodado em grande parte em locações internas e isoladas, o diretor comentou que as poucas cenas de rua, eles rodaram como se fosse TV e que muitos manifestantes os xingavam pensando que eles estariam trabalhando para o governo. Mal sabiam que era o oposto!
O elenco e a equipe deram a cara a tapa. Os atores e integrantes da equipe sabiam que era arriscado e, após o lançamento do filme em Cannes, eles foram interrogados e pressionados pelo governo do Irã a convencer o diretor Mohammad Rasoulof a suspender o lançamento do filme, o que, obviamente, eles não fizeram e, atualmente, enfrentam processos estando impossibilitados de deixar o país.
O diretor já tinha sido preso várias vezes, por projetos anteriores, e foi, praticamente, forçado a deixar o seu país. Hoje, ele vive exilado na Alemanha, que produziu a obra.
Levando em consideração as condições que o filme foi realizado, meus questionamentos em relação às performances ou algumas escolhas do diretor, que não podia estar no set e dirigiu o filme com a ajuda de duas assistentes que trabalharam com os atores e a equipe, são completamente irrelevantes. Obra incrível que mereceu a indicação ao Oscar e o reconhecimento pelo mundo afora.
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A Semente do Fruto Sagrado Em meio à turbulência política de Teerã, desencadeada pela morte de uma jovem, Iman, recém-promovido a juiz de instrução, enfrenta uma batalha interna contra a paranoia e o esgotamento mental. A pressão de sua nova posição e os eventos inquietantes que o cercam o empurram para um estado de vigilância constante. Quando sua arma pessoal desaparece misteriosamente, Iman começa a desconfiar de sua própria família, especialmente de sua esposa e filhas. Consumido pela suspeita, ele impõe regras rígidas e medidas extremas que rapidamente minam os laços familiares e levam todos ao limite. Com uma narrativa intensa e provocativa, o enredo questiona até onde a pressão pode levar uma pessoa e como isso pode transformar a dinâmica de uma família em tempos de crise. Fonte: AdoroCinema Direção: Mohammad Rasoulof |Roteiro Mohammad Rasoulof |
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Flow – Letônia
Confesso que não sou a maior consumidora de filme de animação, mas obras como “Flow” mudam completamente a minha perspectiva em relação ao formato.
Claro que, para uma fã de gatinhos como eu, o protagonista fofo já me conquistou de cara, mas o roteiro que aborda as consequências da crise climática, sem diálogo mas muita sensibilidade, me emocionou e encantou.
O filme fala com o público, sem diálogo. Sua mensagem é relevante agora mais que nunca, tanto em relação aos desastres naturais, como mostra que não sobrevivemos sozinhos, precisamos uns dos outros para seguir a jornada e enfrentar as consequências do que estamos fazendo com o mundo ao nosso redor. Inclusive achei fantástico a estória ser contada através de um grupo de animais, sem a presença de humanos. O que não é um spoiler, pois faz parte da sinopse.
Mereceu as duas indicações ao Oscar, na categoria animação e melhor filme internacional. As primeiras para a Letônia.
E, apesar de tratar de um assunto série, tem humor e fofura. Dos filmes internacionais indicados ao Oscar, esse é o mais leve. Simplesmente, imperdível!
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Flow Em Flow, o mundo parece ter chegado ao fim, coberto apenas por vestígios da presença humana, mas sem nenhum por perto. O gato é um animal solitário que, um dia, enquanto é perseguido por uma manada de cães, vê seu lar ser devastado por uma grande enchente. Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, ele enfrenta diferentes ameaças, até que encontra refúgio em um pequeno barco povoado por diversas espécies. Enquanto tentam fugir de toda essa situação hostil, os animais terão que se unir apesar de suas diferenças. Nesse veleiro, navegando por paisagens místicas e transbordantes, eles passam pelos desafios e perigos da adaptação a este novo cenário pós-apocalíptico. Flow acompanha uma aventura por entre as ruínas de um mundo inundado e destruído e os sobreviventes que buscam permanecer à deriva com a ajuda e esperança de cada um. Fonte: AdoroCinema Direção: Gints Zilbalodis |
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