HEA Encerra o Outubro Rosa Com Uma História Especial

Conheço Cristiana Azevedo há mais de duas décadas, tenho orgulho de dizer que estava no dia que Cris subiu ao altar para selar seu compromisso com sua alma gêmea, Jorge Mosquera, um grande amigo e parceiro de aventuras dos tempos da adolescência.

Coincidência ou não, o Jorge foi um dos únicos amigos para quem mostrei o tumblr do Hollywood é Aqui logo depois de ter começado o projeto. Ele não só viu como me retornou dizendo que eu tinha conseguido uma maneira de viver todas as delícias da juventude novamente e me incentivou a continuar apostando neste sonho. E, claro, a filha deles Bela é super fã de “Divergente”, mas isso não é surpresa, claro, só afirma o bom gosto da minha jovem e querida amiga.

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Há três anos, Cris, a matriarca desta família especial, foi diagnosticada com um câncer de mama, fez cirurgia, passou pelo tratamento, enfrentou todos os desafios dessa batalha. Nesta entrevista ela compartilha suas experiências e celebra o Outubro Rosa. Para mim é uma honra poder encerrar o mês com este depoimento lindíssimo, cheio de emoção e que pode ajudar a outras mulheres maravilhosas de todas as idades que estejam passando por uma situação semelhante.

É uma alegria poder publicar neste espaço, que recebeu a energia positiva do Jorginho desde o início, a história do seu grande amor, que tem muito mais em comum com a parceria de Tris e Four do que eles imaginam. Mas que sua filha Bela sabe de cor. Para Cris que e amiga, corajosa, inteligente, para ela que e uma mulher divergente!

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Forma de enxergar a vida
O que mudou de valores e como enxergo a vida é que depois do choque inicial, digerir e elaborar a situação de ter um câncer e entrar em tratamento (cirurgias, radioterapia e quimioterapia…) vem o momento de ressignificar valores, medos e questões rotineiras que antes pesavam e desgastavam.

Tenho muito claro que sou uma pessoa “antes” e “depois” do câncer. Me dei conta de quem eu realmente era enquanto vivia a situação do câncer. A Cristiana antes do câncer era uma pessoa tensa, preocupada com tudo e que se agarrava a detalhes da vida que nem sempre traziam benefícios, muito pelo contrário, na maioria das vezes trazia desgaste ou mesmo me impediam de enxergar o brilho natural das coisas.

O que me motivou a escrever a publicar minha história foi um momento em que senti que é possível sim, viver nesta condição porque acredito que o momento que estou vivendo é uma condição de vida, assim como outras pessoas vivem outras condições.

Exposição
cora_coralinaPensei muito se deveria ou não me expor colocando uma foto e um depoimento no face. Mas durante um momento na madrugada tive uma luz e senti que optar pelo sim seria uma grande oportunidade de mostrar que é possível viver feliz sim, e que esta condição de vida é apenas uma “condição”, assim como tantas outras pessoas que vivem em situações extremas.

Podemos decidir, assim como “Cora Coralina”!

Sou um pouco preocupada com o que se coloca no Face, pois não gosto de post utópicos e demagógicos, mas queria realmente atingir as pessoas

É preciso uma carga extra de energia para enfrentar o problema? Como funciona a família e os amigos?:
Sim, é preciso uma carga extra de energia para enfrentar esse problema. A importância de todos é fundamental! Só consegui dar o primeiro passo e sair da cama, do desespero, porque tenho meu marido, meus filhos, uma família que me apoia e amigos que me dão a mão e compartilham minhas angústias. Mas para isso, eu precisava estar aberta e receber o que cada um deles tinha para me dar. Não adianta se fechar. Você pode ter pessoas incríveis do teu lado que fazem de tudo para te tirar do mal estar, mas se não estiver com o espírito aberto eles irão lutar sozinhos por você. É preciso agarrar este momento, este click que acontece dentro da gente e começar a segurar nas mãos destas pessoas que estão ali por você. Não é fácil, vivi dias onde todos estavam ali para me ajudar, mas eu não conseguia responder.

Quanto à fé, independente da religião, é normal viver momentos de muitos questionamentos: “Por que comigo?”, “Meu Deus, cadê você?”. Mas aprendi com um padre amigo que a grande pergunta não é “Por que comigo?”, mas sim “Senhor, o que queres de mim?”. Na verdade, hoje, até sei que a frase “Por que NÃO comigo?” me cai bem. O fato é que tudo isso me fortaleceu na fé, afinal a fé se fortalece na ausência (no meu caso, ausência de saúde).

cris5Meus filhos:
Passado o susto inicial, tudo foi falado e vivido claramente com eles. Minha filha tinha 9 anos quando contei a ela que precisava retirar toda a mama para ficar boa e que além disso e que além disso seria preciso fazer um tratamento que iria fazer cair o cabelo, ficar enjoada… A dificuldade de falar o assunto está nos adultos e não nas crianças. Decidimos que eles saberiam de tudo, desde o início e nada disso foi prejudicial ou traumatizante para eles. Sempre falamos abertamente com os adultos, mesmo sabendo que eles estavam presentes. Não havia segredos e nem palavras que não podiam ser ditas, tais como “câncer”. Minha filha levou naturalmente essa questão para as amigas e percebi que elas também viveram naturalmente isso. Minha filha sempre preferiu que eu não usasse peruca e nem chapéu. Às vezes iria leva-la na escola e esquecia o chapéu e ouvia “vai assim mesmo”.

O pequeno só tinha 3 anos e para ele foi mais natural ainda. Esconder não é, jamais, proteger.

Outubro Rosa:
É excelente. O movimento ganhou força e está crescendo e isso é ótimo. Acredito que realmente está alertando as pessoas quanto ao diagnóstico precoce e com isso cada vez descobre-se mais cedo multiplicando as chances de cura. Sem o outubro rosa, acredito que muitas pessoas estariam descobrindo tardiamente, já num momento mais avançado e perigoso da doença. ADORO O OUTUBRO ROSA.

A principal dica para as pessoas é “seja íntimo do seu próprio corpo” e “ria mais e leve a vida numa boa”.

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4 comentários sobre “HEA Encerra o Outubro Rosa Com Uma História Especial

  1. Que matéria inspiradora! Que loucura ver que ela foi publicada exatamente na véspera do dia que eu conheci a Cris! Há exatos 23 anos (e 1 dia) eu começava minha história de amor com a “T”ris e tenho muito orgulho de fazer parte dessa entrevista

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