“Atypical”: Em entrevista, produtora fala sobre o dia a dia com o elenco da série

Durante a entrevista com a produtora executiva de “Atypical”, Mary Rohlich, no ATX Television Festival, nosso colega jornalista abre seu coração e conta que tem duas filhas no espectro autista e uma filha cega e surda, fala como a série é inspiradora, especialmente para famílias como a sua. Mary se emociona e bate um papo ótimo com a gente. Imperdível conferir e maratonar esse seriado mais que especial.

Mary Rohlich

Entrevista: Larissa Alves
Tradução e Transcrição: Raquel Zambon

Este show é para famílias como a minha. Eu tenho três crianças com necessidades especiais, sendo que duas delas estão no espectro do autismo. Minha terceira filha é cega e surda, então temos todas as experiências. Esse show é único para nós e nos dá uma forma de dizer para outras pessoas o quanto tudo é bom, mas difícil. Como você guia este show para ser uma representação positiva de famílias como a minha, que têm muitas coisas acontecendo? O tema do divórcio que você apresentou no show é um problema sério. Como você mantém tudo tão bem apresentado?
MR: Muito do crédito vai para a Robia Rashid, que criou o show e que o escreve. Uma das coisas que ela fez foi trazer muita autenticidade aos personagens. Eles podem não estar contando as histórias de todas as pessoas, mas estão contando uma história muito verdadeira sobre o Sam e sua família. Eu acho que isso faz com que as pessoas se conectem com aspectos diferentes da história. Muita pesquisa entra nisso; temos muitos consultores que nos trazem informações e feedback. Então, às vezes, temos algum ponto específico que o Sam notaria em detalhes e que precisamos nos atentar quando estamos escrevendo. Mas muito do que fazemos é autêntico ao que os personagens são e acho que estamos conseguindo passar essa mensagem.

Tem um detalhe que vocês acertam em cheio: a forma com que ele desenha é a mesma forma que o meu filho desenha.
MR: Sério?

Ele não se preocupa em desenhar detalhes nas pessoas. Ele tem quinze anos, mas desenha pessoas como se tivesse seis. Entretanto, quando desenha outras coisas, ele realmente se dedica.
MR: Isso é tão interessante.

Esse é o tipo de coisa que seus consultores trazem?
MR: Eu acho que a Robia sabe muito sobre o personagem e sobre esta comunidade. Não sei sobre esse ponto em específico, mas acho que faz parte do entendimento dela sobre como isso pode ser para uma pessoa como o Sam e quais são os pontos que chamam a atenção dele. E o Keir, que interpreta o Sam, realmente não recebe crédito suficiente pelo trabalho que faz. Eu acho que ele faz tudo parecer tão fácil porque ele se transforma fisicamente no Sam. Cada pequeno detalhe, como ele se porta e a forma com que faz as pequenas coisas… Ele usa seus relacionamentos pessoais e faz muita pesquisa, então se transforma quando interpreta o Sam. Até a forma com que ele segura sua mochila… Você não nota até que as câmeras param e você vê o Keir. Muito do crédito vai para o ator também.

Como vocês planejaram o grupo de suporte com atores autistas?
MR: Eu sei que a Robia sempre quis que o Sam fizesse parte de um grupo e tentamos contratar o máximo possível de atores do espectro. Além do Keir e do conselheiro, todo mundo faz parte do espectro naquele grupo. Foi tão divertido encontrar estes atores. Na primeira temporada, você só tenta sobreviver enquanto cria um show… Você está trabalhando na história e pensando detalhes de cenário e de personagens. Na segunda temporada, poder criar algo assim, em que buscamos pessoas na comunidade e tivemos pessoas buscando pelo show também… Encontrar atores, encontrar grupos focados em diversidade foi incrível. E cada um deles trouxe sua própria personalidade e seu lado único, o que certamente evoluirá na terceira temporada.

 

 

Foram dias de trabalho longos?
MR: Não necessariamente. Eles são profissionais e, mesmo que fosse a primeira vez de alguns em um set, estavam muito bem preparados. Todo mundo foi ótimo. Em um espaço pequeno e com muitas câmeras, todos foram… Como temos pessoas que fazem parte do espectro na equipe e também que têm familiares no espectro, todos estavam muito atentos. Às vezes, temos dias longos e esta é a natureza do negócio, mas esse não foi diferente dos outros dias de gravação.

O meu filho e a minha filha fazem aula de teatro. Quando vamos ver as peças deles, sempre perguntamos se são especiais o suficiente para convidarmos o vovô e a vovó… Eles dizem que não e, quando chegamos lá, eles têm solos musicais e várias outras coisas.
MR: Que legal! Quantos anos eles têm?

Quinze e dezesseis.
MR: Tem um grupo chamado Miracle Project em Los Angeles que é de teatro inclusivo e muitos de nossos atores fazem parte do grupo. A Robia ganhou um prêmio há algumas semanas e o Miracle Project fez um show lá. Foi a coisa mais incrível! Pudemos ver alguns dos colegas do elenco cantando.

Como eles têm muita personalidade e especialização, o quanto de espaço possuem para improvisar?
MR: Os atores no espectro? Em geral, não temos muita improvisação no nosso show. Se algo não está funcionando, seja uma fala ou uma piada, a Robia estará no set para reescrever. Eu não poderia fazer da forma como ela faz, mas acontece ocasionalmente.

Tudo é muito bem escrito e os atores parecem muito confortáveis nos papéis.
MR: Sim, eles estão. Nós pensamos sobre isso também.

Como produtora executiva, o que te atraiu para este show?
MR: Eu amo ser capaz de contar e desenvolver histórias, mas também amo fazer parte da produção e construir algo do começo. Sou o tipo de produtora que está sempre envolvida e que está lá o tempo inteiro para lidar com problemas que possam surgir. Eu realmente gosto de fazer isso.

Você gosta da experiência de streaming para o show?
MR: Sim, gosto. Especialmente para shows de 30 minutos – em que você pode ter 30 minutos de show ao invés de 22 – faz uma diferença imensa para contar histórias completas.

O que é excelente sobre o formato de 30 minutos é que você pode assistir tudo de uma vez e finalizar uma história excelente em seis horas.
MR: Sim, totalmente. Eu também faço isso.

Muito obrigado!

Confira nossa entrevista com Brigette Lundy-Paine (Casey) e Fivel Stewart (Izzie):

https://www.hollywoodeaqui.com/atypical-chega-a-3a-temporada-confira-a-entrevista-com-brigette-lundy-paine-e-fivel-stewart/


Ainda não assistiu Atypical? Vem ver nosso encontro com o elenco é saiba porque a série é imperdível, se já é fã, se apaixone ainda mais:

https://www.hollywoodeaqui.com/paleyfest-atypical-traz-jovem-autista-em-busca-de-sua-independencia/

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