Até terça, Los Angeles! Fechando uma década com chave de ouro

Jen: O que é este sensação? Parece que as coisas estão ficando cada vez menores, tudo continua lá, mas eu não consigo mais toca-las….
Jack: Acho que chamamos isso de adeus.

O diálogo de Jen e Jack em “Dawson’s Creek” define exatamente o que estou sentindo hoje ao me despedir de Los Angeles, depois de 10 anos.

A Cidade dos Anjos foi minha primeira morada quando me mudei para os EUA em 2009, e foi onde vivi a década mais intensa e transformadora da minha existência até o momento.

 

Fã de seriados e filmes, formada em Comunicação, o trabalho na TV Globo já era um indício que um dia eu levaria a sério a placa de Beverly Hills que comprei na primeira vez que visitei a cidade aos 16 anos, e moraria no local, que também dava nome ao meu seriado favorito, “Beverly Hills 90210”, em português, “Barrados no Baile”.

Mas devo admitir que o destino foi traçado mesmo quando morei no edifício Beverly Hills, no condomínio Califórnia, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. No auge da minha juventude, meu coração já previa o dia que meu CEP seria o mesmos Brando & Brenda Walsh .

Mas nenhum dos meus sonhos, naquela época, realmente, poderia prever tudo que aconteceu nos últimos 10 anos. Los Angeles é um lugar famoso por ser muito bom para alguns e péssimo pra outros.

No meu caso, eu saio daqui muito mais feliz do que cheguei. Tirei as férias emocionais que precisava, voltei para a universidade, onde estudei jornalismo, trabalhei em todas as áreas do entretenimento em Hollywood. Criei uma página no Tumblr, que mudou a minha vida em todos os aspectos, fiz amigos, mantive a minha menina de 16 anos viva e radiante (hoje no meu corpo de 46). Conheci meus ídolos e passei a amar novos artistas, apresentados pelos meus adoráveis e super jovens seguidores.

 

Comemorei meu aniversário 2 vezes na locação de “Barrados no Baile” (olha Beverly Hills aí de novo), fui 3 vezes ao Emmy Awards, sendo 2 delas no dia do meu aniversário. Passei o ano novo com Joe Jonas e duas vezes no deserto, em Joshua Tree. Tive acesso aos bastidores da cerimônia do Oscar e, com isso, finalmente matei a curiosidade de como eles transformavam um shopping, no palco do evento mais glamouroso do entretenimento.

 

 

Fiz a cobertura jornalística do meu primeiro festival de cinema, o hoje extinto LA Film Festival. Fui a inúmeras estreias de filmes e séries e caminhei (assim como trabalhei) diversas vezes no tapete vermelho.

 

 

 

Assisti ao belo pôr-do-sol do Pacífico, da varanda da Burton Way, o apartamento onde vivi por 8 anos, adivinha onde? Em Beverly Hills. Vi o astro rei se despedir no mar, nas montanhas e atrás das palmeiras.

 

 

Vivi noites inesquecíveis na Sunset Strip, e nas noites mais badaladas da cidade. Dancei com Lindsay Lohan e com Kim Kardashian. Enfrentei uma tempestade de areia ao ver o Red Hot Chili Peppers tocar no Coachella, onde estive 2 vezes, antes do festival se tornar um desfile de moda, mas quando ainda era o palco das minhas bandas favoritas, como o Radiohead.

Em LA, chorei, vive dias tristes, fiz viagens profundas ao meu inconsciente, encontrei respostas, soluções e identifiquei problemas, ao mesmo tempo que fiz novas perguntas pra mim mesma.

Ri muito também, celebrei a vida, tomei porres épicos, e quando enfrentei as ressacas jurei pra mim mesma que nunca mais ia beber, promessa que jamais cumpri.

 

Experimentei o glamour de Hollywood, quando tomei champanhe cercada de celebridades no elegante hotel Chateau Marmont. Ao mesmo tempo, contei moeda pra lavar a roupa e fiz delivery de comida para engordar o orçamento.

Hoje em dia, creio que conheço LA tão bem (ou até melhor) que conheço o Rio de Janeiro, onde cresci. Aqui, também conheci gente que mora em uma mansão nas montanhas e é triste, como conheci gente que mora nos subúrbios e é feliz.

Em LA aprendi a ser menos consumista, tive o mesmo carro, meu Ford Focus 2005, que só vendi hoje porque vou partir.

Com ele fui 3 vezes ao Vale da Morte, a Las Vegas, a Lake Tahoe. Estivemos juntos várias vezes em San Francisco e inúmeras vezes em San Diego. Frequentamos Newport Beach, a casa do quarteto fantástico (Summer, Seth, Marissa e Ryan). Demos carona para os amigos, descobrimos juntos, sem GPS, os cantos mais bonitos e bucólicos da cidade que tem nome de anjo.

 

Parto daqui para uma nova aventura em Austin, capital do Texas. Pode ser temporária, ao mesmo tempo, pode ser que eu nunca mais volte a morar aqui. Isso não importa, a história que temos juntas já é pra sempre. E como eu acredito que Hollywood não é um lugar mas um estilo vida, o Hollywood é Aqui vai continuar firme e forte, com a colaboração dos amigos e com os eventos na nova morada.

Serei eternamente grata às excelentes memórias e histórias que escrevi em LA, e pelas ótimas oportunidades que a cidade me trouxe, aqui, como o RJ, será sempre meu lar. Porque eu posso partir, mas uma pedaço do meu coração vai ficar no lugar onde vivi dias melhores que meus sonhos e onde realizei tantos sonhos, alguns deles que eu ainda nem sabia que existiam, antes de se tornarem a minha realidade.

 

Privilégio foi ter tido a chance de amadurecer, sofrer, brincar de ser adolescente de novo, gargalhar, trabalhar, aprender, me reinventar aqui.

Como John Green, meu autor favorito e uma das melhores pessoas que conheci em Hollywood, relembra a gente em “Quem é Você, Alasca?” agora eu vou atrás do meu “Grande Talvez”. Como fiz há 10 anos quando saí do Brasil, sem ter ideia de como seria minha trajetória na terra estrangeira.

O resultado superou as expectativas, mas aprendi que no risco estão os momentos mais felizes da nossa existência. Vou atrás deles!

Até terça, LA! Obrigada por me tratar tão bem.

Com amor,
C

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