Cinema brasileiro deixa outra marca no cenário internacional

eÉ sempre uma alegria receber o convite para assistir um filme brasileiro que vai estrear nos circuitos não só em LA, mas em várias cidades dos EUA.

O orgulho aumenta quando sabemos que a temática do filme, desta vez, não envolve tráfico de drogas, violência, menores infratores, policiais e políticos corruptos. Reconheço que filmes como “Cidade de Deus’ e “Tropa de Elite” foram bem feitos, e têm extrema importância para a cultura brasileira por retratarem a nossa realidade. Acho sim que não devemos ser hipócritas e compartilhar o que acontece de bom e ruim em nosso país com o mundo, não tem problema nenhum.

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Mas um filme como “Que Horas Ela Volta?” (“The Second Mother”) da cineasta Anna Muylaert, estrelado por Regina Casé, que estreia nesta quinta-feira, dia 27 de agosto nos cinemas no Brasil e dia 28 nos EUA, é também um retrato da nossa sociedade, mas um refresco para aqueles que preferem assistir um filme com a narrativa baseada nos personagens, sem armas, sangue, matança e roubalheira.

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O filme conta a história da empregada doméstica Val (Regina Casé) que veio do Nordeste e conseguiu um emprego no elegante bairro do Morumbi em SP. Ela mora no trabalho e teve que fazer o sacrifício de deixar a filha Jessica (Camila Mardila) na sua terra natal com o intuito de conseguir ganhar mais e proporcionar a ela uma vida melhor, mesmo que para isso tenha sustentá-la à distância. Val ficou dez anos sem vê-la, enquanto praticamente criava sozinha Fabinho (Michel Joelsas),o filho dos seus patrões Dona Barbara (Karine Teles) e seu Carlos (Lourenço Mutarelli).

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A vida de Val andava tranquila, até receber um telefonema da filha avisando que estava embarcando para SP onde faria o vestibular. A princípio sua patroa ficou feliz com a notícia e abre as portas de sua residência para Jessica. Mas, ao contrario de Val, Jessica não nasceu para viver nos bastidores de uma casa rica, ela tinha suas próprias ambições que, por sinal, vão influenciar positivamente a forma como Val encara a sua própria jornada.

A atriz Camila Mardila, intérprete de Jessica, ganhou o prêmio especial de melhor atuação no Sundance Film Festival, um dos festivais de cinema mais importantes dos EUA. E “Que Horas Ela Volta?” foi eleito pelo público o melhor filme do prestigiado festival de cinema de Berlim, na Alemanha.

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Para os brasileiros essa é uma história que reflete o dia a dia de milhares de famílias, nos identificamos de várias formas com esses personagens. E mesmo no exterior, onde a maioria avassaladora da sociedade não tem empregada doméstica, muito menos que durma em casa, o público se identifica com a trajetória dessas pessoas que têm que lidar com as dificuldades para realizar seus sonhos, têm que fazer sacrifícios, têm que enfrentar injustiças e têm a capacidade de se reinventar. E como isso independe de raça, cultura, classe social, é fácil entender o reconhecimento e a aceitação do filme no circuito de cinema internacional. Afinal todos esses sentimentos são inerentes aos seres humanos, e isso independe da língua que você fala ou da cidade do mundo em que você vive.

Onde quer que você esteja uma coisa e certa: “Que horas ela volta?” (The Second Mother”) é imperdível. Vai te emocionar e fazer você repensar vários conceitos, e a maneira como você enxerga e trata as pessoas que estão ao seu redor, seja sua empregada doméstica, ou seu próprio filho. Sem armas de fogo, ou cenas de ação, sem efeitos especiais, sem música tema que vira hino nacional, mas com diálogos e situações que vão tocar fundo na sua alma, e mexer com o seu coração.

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