Controverso e reflexivo, Pobres Criaturas traz elenco brilhante e muitas indicações ao Oscar

Os filmes do diretor Yorgos Lanthimos, como “O Lagosta” e “A Favorita”, agradam a muitos e desagradam a outros tantos. Muita gente não curte mas, quem gosta do estilo do cineasta, é fã de carteirinha.

Eu sou do fandom faz tempo e acho que “Pobres Criaturas”, que recebeu várias indicações ao Oscar, inclusive nas categorias melhor filme e melhor diretor, é seu melhor trabalho (e meu favorito) até hoje.

“Pobres Criaturas” é um filme de romance e ficção científica dirigido por Yorgos Lanthimos e produzido por Emma Stone, que também atua no longa. Baseada no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico Frankenstein, a história se passa na Era Vitoriana e acompanha Bella Baxter (interpretada por Stone), trazida de volta à vida, após seu cérebro ser substituído pelo do filho que ainda não nasceu. O experimento é realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo. Querendo conhecer mais do mundo, a jovem foge com um advogado e viaja pelos continentes, exigindo igualdade e libertação. Além de Stone e Dafoe, o elenco também conta com Mark Ruffalo, Jerrod Carmichael, Ramy Youssef, Christopher Abbott, Margaret Qualley, Kathryn Hunter, Suzy Bemba e Wayne Brett. Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-290065/

Todo mundo sabe que Emma Stone e Mark Ruffalo são atores excepcionais, mas nesse filme, que é a quarta colaboração entre Emma e Yorgos, ambos estão sublimes e receberam indicações ao Oscar nas categorias melhor atriz e melhor ator coadjuvante. Aliás, William Dafoe também arrasou como “Frankenstein”.

“Pobres Criaturas” é um daqueles projetos onde enxergamos na tela o brilhantismo de todos os profissionais envolvidos, porque o filme, além de ser esteticamente bonito, leva nota 10 no figurino, maquiagem, produção de arte, edição, roteiro adaptado e fotografia, fiquei muito feliz ao ver que todos os profissionais desses departamentos também receberam indicações ao Oscar esse ano.

Eu assisti o filme no histórico estúdio da Fox, em LA. Estava ansiosa, pois acho o trabalho do Yorgos pra lá de intrigante e Emma Stone e Mark Ruffalo estão na lista dos meus atores favoritos. Mas devo dizer que o filme superou as minhas expectativas. Me emocionei e ri, mas ri muito mais que eu imaginava. A química cômica entre Emma e Mark salta da tela, e me deu a sensação de estar assistindo uma peça de teatro, uma aula de atuação.

O roteiro é controverso, como o cineasta. Ouvi críticas severas, mas muita gente também entendeu como a estória, por mais absurda que pareça ser, é uma sátira inteligente do mundo cheio de absurdos que vivemos. Para mim, “Pobres Criaturas” é um tapa na cara da hipocrisia de uma sociedade que prega moralismo e a religião, mas age de forma podre e preconceituosa. O filme coloca um espelho no pior do ser humano e mostra a luta de uma mulher corajosa e a frente do seu tempo que toma atitudes fora da caixinha para sair do cativeiro e conquistar sua liberdade.

Eu achei genial, especialmente porque é um daqueles filmes que nos fazem refletir. Mas é aquilo, você tem que curtir mensagens metafóricas que forçam você a descascar as camadas para analisar o significado que está por trás do que você está vendo na tela e, mais ainda, ser aquele cinéfilo que aprecia os filmes não só como uma forma de entretenimento , mas como uma forma de plantar a sementinha do questionamento e da revolução, na mente da audiência. Os filmes do Yorgos fazem isso com total maestria e, nesse caso, mostra que as pobres criaturas não são só os personagens do filme mas a sociedade em que vivemos.

Fica a dica e a reflexão!

 

 

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