Nat Wolff conta para o HEA sua vivência no set de Cidades de Papel

“Oi, tudo bem?” me pergunta em português o charmoso Nat Wolff, intérprete de Quentin em “Cidades de Papel”, quando entro na sala e a assessora de imprensa dele diz que sou brasileira.

Claro que na hora eu respondo feliz na minha língua mãe: “tudo ótimo” e, em inglês pergunto: “você fala português?”

Ele abre um sorrisão e diz: não mas namorei uma brasileira, infelizmente foi só isso e a palavra “obrigado” que aprendi.

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Depois desta recepção calorosa, me senti tão a vontade que confessei pra Nat: “tenho inveja branca de você por ser amigo do John Green.”

E Nat orgulhoso diz: “eu se fosse você também teria, afinal quem não quer ser amigo de John Green, né?!”

Falando nisso, vamos começar nosso bate-papo matando curiosidades sobre John. Ele diz que o livro não é autobiográfico, mas você, Nat, acha que o Quentin tem muito da personalidade do John?

N: Acho que não é mesmo uma autobiografia, mas todos os personagens dele, de uma certa forma, têm características da personalidade do John. Até a própria Margo.

Sério? Que barato! Por isso eles são tão humanos e tão fáceis de nos identificarmos com eles. E como é conviver com John no set de filmagens?

N: Uma coisa legal de ter o John no set é que ele é tão positivo, otimista e geralmente todo mundo no set está focado no seu próprio trabalho, é bom ter alguém alto astral, quase como um “cheerleader” no melhor sentido do mundo. E também é uma forma de nos certificarmos que estamos seguindo na direção certa com o filme, que a gente não vai decepcionar os fãs do livro se o John Green estiver feliz.

Sem dúvidas, se ele está satisfeito, é sinal que os fãs também vão curtir o resultado do filme na telona. Você, como ator, quando está fazendo um filme que é baseado em um livro, como neste caso, e tem acesso ao autor, quais as perguntas que faz pra ele?

N: Uma das melhores coisas de ter o John no set e que os diálogos que ele escreve são muito específicos, e como eu conheço ele e somos grandes amigos, acho que facilita. Acho que eu, Shai, Ansel e todo o elenco de “Cidades de Papel”, nos sentimos super conectados com as falas dos nossos personagens porque conhecemos bem o John, acho que nos entendemos bem o que ele quer dizer, mesmo por trás das palavras que ele escreveu. E isso só acontece porque o conhecemos intimamente.

Aliás, é o segundo filme baseado em um livro de John em que você atua. Você acha que ter feito “A Culpa é das Estrelas” fez com você se sentisse mais confortável no set de “Cidades de Papel”? Foi mais fácil fazer este filme?

N: Claro! Totalmente. A diferença é que não tem câncer em “Cidades de Papel”. Porque quando as pessoas me perguntam em qual você se divertiu mais, eu falo, gente assista os filmes, claro que me diverti muito mais em “Cidades de Papel”, pela temática mesmo, é mais fácil. As pessoas também sempre me perguntam se eu sinto mais responsabilidade neste filme, se é mais difícil fazer o protagonista mas, na realidade, foi bem mais fácil. Quando eu fiz o Isaac em “A Culpa é das Estrelas” foi muito mais estressante, encontrar o meu lugar no meio daquele romance com um monte de coisas profundas acontecendo e eu tendo que interpretar o engraçado que estava atirando ovos no carro e na casa da ex-namorada. Achar o balaço lá não foi fácil, além disso, eu trabalhava um dia e ficava cinco dias sem trabalhar, muito tempo ocioso. Já neste filme eu estava envolvido desde o começo, participei de tudo, e o filme conta a jornada do meu personagem, ao contrário de “A Culpa é das Estrelas”, não tive que lutar pelos meus momentos em cena, foi mais tranqüilo. Agora o que foi ótimo também é que os produtores são os mesmos, os roteiristas também e o John estava lá e todos eles confiam muito em mim, o que me deu segurança, me fez sentir como parte do time mesmo.

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Nada como trabalhar num ambiente cercado de pessoas que te deixam a vontade, sem dúvidas. Aliás, este foi o primeiro filme da Cara, como foi ser o veterano neste set? Você ajudou ela de alguma forma?

N: Olha sinceramente não, temos uma forma parecida de trabalhar, gostamos de manter o ambiente divertido, acho que o fato de nos gostarmos tanto e nos darmos tão bem, fez toda a diferença e só ajudou. Porque quando acontece de você não gostar do seu costar a situação é mais complicada. Você imagina do nada você tem que gostar de uma pessoa que você acabou de conhecer. Nós tivemos sorte. Cara e eu ficamos super amigos desde o começo.

Que maneiro! Vocês devem ter passado bastante tempo juntos durante as gravações, não só você e Cara, mas todo o elenco. Chegaram a ensaiar as cenas de “Cidades de Papel” antes de começar efetivamente as filmagens?

N: Sim, quando a Cara foi escalada, nós ensaiamos por duas semanas. E isso é um privilégio para um filme. A maioria das vezes não acontece. Eu brincava no set e dizia que a gente poderia ter feito mesmo uma road trip durante os ensaios. Nos tivemos tempo suficiente para isso.

Este é o meu livro predileto do John e o filme tem tantas cenas maravilhosas, que eu não consegui escolher a minha predileta. Mas tenho que te perguntar, qual foi a sua cena favorita de gravar?

N: Eu adorei que nós tivemos que cantar em uma cena, foi super divertido. E amei de verdade uma cena que gravei com a Cara que ela me fala que a minha zona de conforto é pequena. Ela me balança, eu amo aquela cena. Foi nossa primeira cena juntos. E foi quando eu percebi que a nossa química daria certo, tinha muita energia rolando entre a gente. E de uma forma geral todas as cenas da road trip são demais. Eu curti muito. Na verdade, quando as gravações acabaram, todos nos do elenco, sem exceção ficaram arrasados. São aqueles momentos da vida que deixam saudades.

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A cena de vocês cantando é realmente muito engraçada. Adorei também. E você, além de ator e músico, você tem diferentes técnicas para se preparar para ir pro set ou subir num palco e fazer um show?

N: Sim porque são coisas completamente diferentes, mas no fundo acho que acabo tentando sempre buscar inspiração no mesmo lugar para manter a honestidade que é necessária nos dois momentos. Eu e a Cara temos formas estranhas e doidas de entrar na cena, eu ouço muita música no set, adoro dançar e ser o bobo da corte, todo mundo bota pilha em mim, mas não me sinto desconfortável na frente das pessoas não. Faço o que me dá na telha no momento e Cara também é assim. Então você imagina! Era uma palhaçada musical aquele set.

Nossa deve ter sido hilário mesmo. A trilha sonora deste filme e ótima, e você o que gosta de ouvir? O que tem na playlist do seu iPod?

N: Durante a gravação do filme eu ouvi muito Prince, porque me ajudava a relaxar. E também Francis and The Lights, ele é amigo do Jake (director do filme) e até participou de uma cena, curto o som dele.

Este filme com certeza vai fazer muito sucesso. Será um trabalho que vai mudar a sua vida. Como você esta se preparando para ser reconhecido nas ruas, lidar com a fama?

N: Eu não pensei nisso ainda. Mas para ser sincero a maneira como eu vejo esta questão é focando no trabalho, eu sei que pode soar pretensioso, mas foi o trabalho que me trouxe até aqui e espero que me leve onde quer que eu chegue na minha carreira. Focando sempre em ser o melhor ator que eu puder ser e ser o melhor músico com o meu irmão que eu também puder ser. Qualquer coisa que aconteça a partir disso, todos os frutos que por ventura eu colher serão em consequência de um bom trabalho realizado.

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Você é bem próximo da Shai e do Ansel. Eles te deram algum conselho neste sentido?

N: Eles não me deram nenhum conselho diretamente, mas a atitude é o maior exemplo. Especialmente a Shai, quando fizemos “A Culpa é das Estrelas”, ela já era mega famosa, e observando a forma como ela lidava e lida com tudo isso foi um aprendizado.

A Shai é uma das minhas atrizes favoritas da geração dela e uma pessoa especial, tive o prazer de conhecê-la.

N: A Shai é incrível mesmo, ela é realmente uma atriz primeiro e depois vem a super star… é desta forma que eu quero conduzir a minha carreira também.

Para encerrarmos com chave de ouro, eu vou ser sincera com você, nunca consegui dizer adeus à Margo e ao Quentin mesmo depois de ter terminado o livro. Volta e meio eu releio “Cidades de Papel”, fiquei apegada a eles. Imagino como foi para vocês que interpretaram esses personagens tão especiais. Foi difícil se despedir dele?

N: Não foi fácil mesmo se despedir dele, aliás, eu te entendo, não foi fácil dizer adeus à “Cidades de Papel”. E isso geralmente não acontece comigo não, mas fiquei bastante emocionado no final das gravações, assim que acabou todo mundo começou a chorar. Ninguém queria que terminasse, é um daqueles raros momentos que você está vivendo um universo tão inocente e mágico que você não quer ir embora. E foi engraçado, porque geralmente quando eu termino de gravar um filme, eu tenho pena que acabou mas às vezes estou tão cansado, porque o trabalho no set é tão cansativo, que fico feliz também. Mas não em “Cidades de Papel”, sério eu fiquei arrasado quando terminou, eu não queria mesmo voltar pra casa. Foi difícil se despedir da família que criamos naquele set. Outra coisa interessante, é que às vezes a gente fica super amigo de alguém no set durante as filmagens, mas aí cada um segue o seu caminho e ninguém se fala mais. E isso definitivamente não aconteceu neste filme. Nos continuamos super próximos. Tudo bem que não faz tanto tempo que as gravações terminaram, mas ainda assim a gente, o elenco todo, tem uma conexão rara e forte. Eu sei que é diferente. Pra você ter uma idéia, Justice (“Radar”), Austin (“Ben”) e eu estamos pensando em dividir um apartamento juntos, o que vai ser o máximo para as entrevistas e premières se realmente acontecer. Nos três vindo do mesmo lugar vai ser demais!

E tristinha eu tenho que me despedir de Nat Wolff, pois o nosso tempo de entrevista também tinha acabado. Mas aproveitando as poucas, mas válidas, palavrinhas que ele aprendeu com sua ex-namorada brasileira, eu lhe digo: “obrigada”, em português. Ele com todo o seu charme, não hesita e responde: “de nada”.

Realmente não só o Quentin me deixou saudosa agora, mas seu intérprete, o gato, Nat Wolff também.

Confiram mais do meu papo com Nat sobre “Cidades de Papel” na TV Capricho:

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