“Para Todos Os Garotos Que Já Amei”: obra mostra sensibilidade para falar de relações

Por: Carl

Jenny HAN
Editora INTRÍNSECA
2015
320 páginas

SINOPSE: Lara Jean guarda suas cartas de amor em uma caixa azul-petróleo que ganhou da mãe. Não são cartas que ela recebeu de alguém, mas que ela mesma escreveu. Uma para cada garoto que amou — cinco ao todo. São cartas sinceras, sem joguinhos nem fingimentos, repletas de coisas que Lara Jean não diria a ninguém, confissões de seus sentimentos mais profundos. Até que um dia essas cartas secretas são misteriosamente enviadas aos destinatários, e de uma hora para outra a vida amorosa de Lara Jean sai do papel e se transforma em algo que ela não pode mais controlar.

Eu comecei a ler este livro de forma despretenciosa, mais como um post para o blog, uma vez que a maioria são leitoras que apreciam esse tipo de história. Não imaginei que fosse gostar tanto.

A primeira coisa que quero dizer, é que todos os personagens me cativaram: Lara Jean, a narradora da história, com a ingenuidade própria da idade e a insegurança pela falta de uma referência materna; Margot, a mais velha, que assume, naturalmente, o lugar da mãe perante as duas irmãs mais novas; Kitty, sempre provocativa, enfezada, carente; Josh, o menino da porta ao lado por quem todas são apaixonadas; e Peter, a surpresa do livro, o garoto que conquista aos poucos, sem deixar notar.

Antes de ler o livro, achei que a história iria girar em torno das confusões que as referidas cartas causariam na vida da personagem principal, mas, na verdade, apenas duas tem alguma importância. Entretanto, não fiquei desapontado, pelo contrário, uma vez que o relacionamento da personagem com os dois destinatários é mais explorado, sem pressa.

Uma coisa me irritou bastante: a constante referência à Margot. Ela viajou para a faculdade na Escócia, mas tudo o que Lara Jean fazia, ela descrevia o que Margot pensaria, faria ou diria. Isso é tão constante no livro, até pelo menos metade da história, que chegou a incomodar bastante. Mas exatamente por essa insistência da autora, fiquei na esperança de ser proposital. E, felizmente, realmente era. No fim do livro, é dada a explicação, que é perfeitamente convincente e até emocionante.

A história em si não tem nada de especial, e nem acontece algo que não seja a rotina de jovens nos dias escolares. Isso porque o livro é sobre os personagens, e a autora soube explorar as relações de forma sensível e interessante, prendendo a leitura o tempo todo. O centro da trama é entre Lara Jean, Josh e Peter. Principalmente com Peter. Pela primeira vez, li sobre um personagem estereotipado, o eterno atleta bonitão da escola, que é algo mais do que um convencido e boçal. A autora soube dar personalidade e sentimento a um gênero que é sempre igual. E é interessante acompanhar o sentimento surgir entre Lara Jean e Peter pelas pequenas atitudes de companheirismo e carinho.

Kitty e Margot têm a sua importância: a primeira, pela necessidade de atenção e de ser cuidada; a segunda, por ter sido a cabeça da família ao lado do pai e agora ter se afastado. Lara Jean e Kitty, cada uma à sua maneira, sofrem uma nova perda maternal, já que a mãe havia morrido anos atrás, e foi Margot quem ficou no seu lugar.

Eu não sabia que o livro teria continuação, por isso fiquei surpreso no final. As coisas não ficam resolvidas, mas, mesmo assim, ele termina de uma forma que satisfaz, sem deixar o leitor frustrado. Espero que a autora continue o amadurecimento de Lara Jean no próximo livro, sem perder ou desconsiderar o aprendizado que ela teve.

Acho que por último, só falta falar sobre a escrita da autora, que é simples, mas contagiante pela sensibilidade que ela transmite nos diálogos e nas descrições as ações. A continuação chega ao Brasil já em janeiro, a partir do dia 11! 🙂

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