Premiado em Cannes, o indie War Pony chega aos cinemas com Riley Keough como diretora

War Pony, que marcou a estreia de Riley Keough e Gina Gammell como diretoras, está em cartaz em vários cinemas nas principais cidades dos EUA.

Antes de ser indicada ao Emmy e conhecida pelo mundo afora por sua atuação como Daisy Jones, na minissérie “Daisy Jones & The Six”, Riley já era uma das atrizes mais aclamadas no universo indie, tanto filmes como séries.

Ela já tinha sido indicada ao Globo de Ouro, na categoria melhor atriz de minissérie, drama, por sua atuação em “The Girlfriend Experience”, (Imperdível!) e também recebeu uma indicação ao Spirit Awards, na categoria atriz coadjuvante, pela sua brilhante performance no filme “American Honey.”

Aliás, foi durante as filmagens de “American Honey”, em South Dakota, que Riley conheceu Frank Sioux Bob e a Billy Reddy. De sua amizade com eles, nasceu “War Pony”, que rendeu à Riley e à Ginna o Câmera D’or, um dos prêmios mais prestigiados no badalado festival de cinema de Cannes, entre muitas outras indicações e prêmios em festivais pelo mundo afora.

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vvvvv O Caméra d’Or (“Câmera de Ouro”) é um prêmio do Festival de Cinema de Cannes para o melhor primeiro longa-metragem apresentado em uma das seleções de Cannes, incluindo todas as categorias do festival, até documentários.
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“War Pony” conta as histórias interligadas de dois jovens Oglala Lakota crescendo na Reserva Pine Ridge, em Dakota do Sul, nos EUA. Aos 23 anos, Bill (Jojo Bapteise Whiting) só quer fazer algo por si mesmo. Seja entregando mercadorias ou criando Poodles, ele está determinado a abrir caminho para o “Sonho Americano”. Enquanto isso, Matho (LaDainian Crazy Thunder), de 12 anos, mal pode esperar para se tornar um homem. Desesperado pela aprovação de seu jovem pai, toma uma série de decisões impulsivas que vira a sua vida de cabeça para baixo e ele se vê despreparado para lidar com as duras realidades do mundo adulto.

Eu assisti ao filme duas vezes. Uma obra preciosa que merece todo esse reconhecimento dos grandes festivais de cinema. Não só o roteiro e a direção são um primor, como a fotografia é linda e a edição, feita por dois brasileiros, Affonso Gonçalves e Eduardo Serrano é um show. Isso sem contar com os atores de primeira viagem, que transmitem toda a emoção da rejeição de seus personagens.

A primeira que vez que vi foi em abril, em uma sessão especial na agência dos empresários de Riley, em LA. Ela estava presente no coquetel. Não tiramos fotos, mas Riley circulou pelo local com Gina. Super simpáticas, agradeceram a presença de todos. Umas fofas talentosíssimas.

A segunda foi agora em julho. Dessa vez teve um bate-papo depois do filme. Riley também estava lá, mas não participou em consideração à greve dos atores que acontece no momento em Hollywood.

Mas Gina Gammell, os produtores, Willi White e Pte Cante Win Poor Bear, o roteirista, Frank Sioux Bob e os atores Jojo Bapteise Whiting e LaDanian Crazy Thunder participaram do Q&A, compartilhando a jornada desse projeto especial que é o resultado de um encontro especial entre as cineastas e o povo Oglala Lakota.

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Importante ressaltar que os atores Jojo Bapteise Whiting e LaDanian Crazy Thunder não são membros do Sindicato (Sag-Aftra) e, por isso, puderam participar da promoção do filme.

Veja os destaques do papo abaixo:

O primeiro encontro:

Gina: “Riley e eu somos melhores amigas há anos. Um dia ela me ligou, quando estava rodando “American Honey”, em South Dakota, dizendo que tinha conhecido duas pessoas fantásticas no set, o Billy e o Frank e que eu tinha que conhece-los também. Eles nos convidaram para ir às suas casas na Reserva Pine Ridge e aí ficamos muito amigos. E a gente queria trabalhar em um projeto juntos e começamos a rascunhar as ideias que deram origem ao filme.”

Frank: “Eu e Billy éramos figurantes no filme. E a gente estava numa cena com a Riley. Começamos a conversar e acho que não paramos mais. Foi uma conexão imediata que não acontece sempre. Por isso que a convidamos pra visitar a gente na reserva, ela voltou com a Gina e aí nasceu uma amizade incrível mesmo, além da ideia de fazer um filme juntos, que se transformou em War Pony.”

A produção:

Willi White: “Muita gente de Hollywood já veio tentar contar a nossa história, mas não confiamos em qualquer pessoa pra fazer isso. Somos cautelosos. O bacana da Riley e da Gina é que elas se comprometeram em manter a originalidade, dando total autonomia ao Billy e ao Frank, que são parte da comunidade e se comprometeram a mostrar a vida da gente como ela é de fato. Nos trataram sempre com muito amor. Por isso que nós temos tanto orgulho do filme, queremos que as pessoas conheçam a gente como somos, não uma versão “branca” do nosso povo.”

Pte Cante Win Poor Bear: “Sim, foi muito importante pra gente envolver toda a comunidade, consultamos nossos guias espirituais para termos certeza que estávamos na direção certa. Recebemos suas bençãos, como fazemos com outras questões do dia a dia. A Gina e a Riley nos respeitaram, respeitaram as nossas tradições, nos incentivaram, sem interferir na nossa história. Elas foram sensacionais. O filme incialmente tinha um caráter mais ligado as tradições religiosas, espirituais, mas nós achamos melhor focar na trajetória dos personagens, mantivemos alguns elementos místicos da nossa cultura, pois é importante pro nosso povo, mas o fio condutor é realmente a jornada dos dois heróis, interpretados por Jojo Bapteise Whiting e LaDanian Crazy Thunder , que cresceram e moram na reserva. Ficou bem realista, ao mesmo tempo criativo, não é documentário, longe disso, mas a estória dos personagens reflete muito da história dos meninos e das famílias de nossa comunidade.”

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Estreando na telona:

Gina: “A primeira vez que a gente convidou Jojo ele disse não. Fomos até o parque de diversões, que tinha sido montado na reserva, e conversamos com ele e com a mãe dele, mas ele não topou. Um ano depois fizemos o convite novamente, aí ele disse sim.”

Jojo Bapteise Whiting: “ Vocês me encontraram no mesmo parque, no mesmo evento, 1 ano depois e me chamaram pra fazer o teste. Eu lembro que fui com a minha mãe. Eu tava nervoso e fiquei ansioso esperando a resposta, até que vocês me falaram que eu tinha conseguido o papel. Depois de ter falado não a primeira vez, na segunda eu estava determinado a fazer o filme. Ainda bem que rolou.”

LaDanian Crazy Thunder: “eu nunca tinha pensando em atuar antes, foi uma experiência bem diferente que mudou a minha vida. A gente agora está aqui em Los Angeles, foi pra Cannes, participamos de vários eventos como esse. Nunca podia imaginar que faria isso, ainda mais por conta de um filme que fala da gente. Muito maneiro. E bom porque estou com meus amigos e com a Gina e a Riley, a experiência é melhor ainda.”

Sobre a trilha sonora:

Gina: “Muita gente comenta sobre a trilha. Na verdade, foi inspirada na playlist do Jojo mesmo. Eu e Riley dirigimos ele pro set todos os dias. Era mais ou menos 1 hora de viagem ida e 1 hora na volta e a gente escutava tudo que ele curtia, e a gente selecionou a trilha a partir dessas viagens de carro. Então é bem a cara dele mesmo. E a galera parece ter curtido bastante. Tanto os críticos, como quem assiste, sempre destacam a trilha sonora. A gente também adora.”

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“War Pony” é tudo que você não espera sobre um filme do povo Oglala Lakota, que reside na Reserva Pine Ridge, porque o filme foge de todos os clichês da maioria dos filmes sobre nativos rodados em reserva. Isso que faz de “War Pony” uma obra de arte imperdível. Assista, garanto que você vai rir e se emocionar, e aprender mais sobre o povo que é tão estigmatizado, mas que, na realidade, está nos EUA há muito mais tempo que os colonizadores que, ainda hoje, tentam acabar com a história e as tradições dos verdadeiros donos dessa terra.

   

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