Protagonizado por Barry Keoghan, Saltburn mexe com o nosso lado mais sombrio

Emerald Fennell é uma artista de muitos talentos. Foi indicada ao Emmy Awards, como produtora de por “Killing Eve”, por sua atuação como Camilla Parker-Bowles na série “The Crown”, e ao Oscar, nas categorias roteiro original, direção e melhor filme por “Bela Vingança”, levando a estatueta de melhor roteirista, isso pra indicar apenas apenas algumas conquistas dessa britânica simpática e bem-humorada que tive a chance de conhecer em uma sessão de seu novo filme, “Saltiburn”, em LA.

 

 

Emerald estava acompanhada dos atores Barry Keoghan, Jacob Elordi e Archie Madekwe que estrelaram esse suspense psicológico, escrito e dirigido por Fannel, que conta com uma atuação brilhante de Rosamund Pike. A trama se passa nos anos 2000 e acompanha o estudante universitário Oliver Quick (Keoghan), que tem dificuldades para se enturmar na Universidade de Oxford. Após conhecer Felix Catton (Elordi), Oliver é imediatamente atraído pelo mundo aristocrático do jovem – que o convida para passar uma temporada na casa de sua família. Mas o que começa como uma amizade aparentemente inocente logo escala para uma obsessão desenfreada. (Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-304516/)

 

 

O filme é brilhante, provocativo, intenso. Os diálogos parecem engraçados mas são, de fato, profundos, mostrando o lado obscuro do ser humano quando exerce os pecados capitais da soberba, vaidade, inveja, avareza, ira, gula e luxúria. E, mais importante, é um estudo sobre como todos esses pecados afetam a nossa saúde mental.

 

 

Eu fiquei boquiaberta como Emerald conseguiu construir bem a estória com base nos 7 pecados. Algumas cenas conseguem reunir todos eles. Seu roteiro primoroso, com esse elenco de espetacular, resulta em um filme que incomoda. Sim, tem cenas que mexem com nossa psiquê e, talvez, nos perturbem porque toquem no nosso pior, naquele lado que não queremos enxergar em nós mesmos. Acho que por isso também, o filme, que está na corrida do Oscar, não vá receber o reconhecimento que merece dos membros da Academia. “Saltburn” é fora da caixinha demais para a indústria do entretenimento estadunidense. Verdade que hoje a Academia conta com mais membros pelo mundo afora, mas ainda é bem conservadora nas suas indicações à premiação.

 

 

De qualquer forma, eu deixo aqui minha indicação para os cinéfilos que apreciam uma obra que os tirem da zona de conforto e os façam refletir sobre os gatilhos que levam as pessoas a cometerem crimes, ao serem humilhadas por alguém com um sorriso no rosto. Os personagens tomam atitudes cruéis, o protagonista é um psicopata sórdido e o filme trata de muitos temas que vimos nos noticiários diariamente, em um mundo dominado pela ambição desenfreada. Em suma, “Saltburn” é um retrato da realidade contando com metáforas que incomodam na tela, mas tem mais verdade na mensagem do que muitos querem enxergar. Me colocou pra pensar e mergulhar nas camadas que são mais profundas do que eu vi no cinema. Por isso, considero arte.

 

 

Destaco também o ponto alto do bate-papo animado entre os jovens e super talentosos atores que falavam e riam ao mesmo tempo, como amigos fazem no dia a dia, sob a liderança de sua mestra, que todos deixaram claro que tanto admiram, a gênia, Emerald Fennell.

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Barry Keoghan: “O meu personagem tinha um lado bem obscuro, como vocês viram agora (no filme), mas trabalhar com a Eme é um privilégio muito grande, porque eu tive que fazer coisas absurdas que não pesaram por conta do ambiente incrível que ela criou no set. Sem contar que trabalhar com esses parceiros (apontando para o Jacob e o Archie) foi muito divertido.”

Emerald Fennel: “Foi ótimo ter um elenco tão bem humorado e tão cheio de energia, disposto a qualquer desafio, especialmente quando estamos lidando com um material pesado. E a gente rodou o filme no castelo, uma belíssima locação, tinha muita coisa pra explorar, embora tínhamos que ter cuidado pra não estragar nada. Mas a equipe estava atenta e todos foram muitos cuidadosos. Foi uma vantagem maravilhosa termos tempo de ensaiar lá e ficamos hospedados no local, foi realmente uma reunião de família. Tive muito sorte em ter o apoio desse elenco talentoso e de uma equipe muito dedicada.”

Jacob Elordi: “Foi inesquecível, mas o Barry tem razão. A Eme era a capitã do nosso navio e ela é tão boa em tudo que ela faz e uma pessoa tão bacana que tudo funcionou bem e ficou muito mais light graças a liderança dela e ao apoio que ela deu a todos nós. Se estávamos com dificuldade em uma cena, ela conversava com a gente e nos acalmava, nos dava espaço e tempo pra encontrar o tom certo e num filme como esse, isso foi essencial.”

Archie Madekwe: “Olha, a Eme foi meu porto seguro, desde o meu teste de elenco. Ela me ajudou muito a conseguir esse papel. Toda a experiência foi intensa, mas conheci tanta gente maravilhosa. Trabalhei com essas figuras que agora são meus amigos (apontando pra os Barry e Jacob), isso sem contar com Rosemund Pike que é outra inspiração. Foi uma aula pra mim. Aprendi muito.”

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