Sem sentimentalismos, o longa Vidas Passadas emociona e é imperdível

“Vidas Passadas” é um dos melhores filmes do ano e, pra mim, o melhor romance desde “Mesmo Se Nada Der Certo” (Begin Again) de 2013.

No primeiro filme escrito e dirigido por Celine Song, Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) são dois amigos de infância com uma conexão profunda, mas acabam se separando quando a família de Nora decide sair da Coreia do Sul e mudar para os Estados Unidos. Vinte anos depois, os dois amigos se reencontram por uma semana, em Nova York. No tempo que passam juntos, eles confrontam noções do amor e destino. Fonte: AdoroCinema

 

Eu tive a honra de assistir a uma sessão especial do filme em LA, que contou com a presença de Celine e dos protagonistas Greta Lee e Teo Yoo. O evento foi apresentado pelos vencedores do Oscar, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, diretores do filme “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, o bate-papo foi moderado por Daniel Kwan. “Os Daniel’s”, como são conhecidos em Hollywood, falaram que esse é um dos melhores filmes que eles tinham visto em 2023; na hora não levei muito a sério, mas realmente eles tinham razão.

Eu não vou dar spoilers de “Vidas Passadas” porque todo mundo merece ver e sentir. Essa é uma das narrativas que a gente realmente sente ao assistir, seja por se identificar com algumas questões, ou por gostar de filmes onde estórias de amor e amizade são apresentadas de uma forma realista, sincera, sem pieguice e sem exageros. A jornada dos personagens é honesta, autêntica, e as locações (Coreia do Sul, Nova York e China) são fundamentais para o desenvolvimento do roteiro, agem como competentes coadjuvantes.

A primeira cena do filme é marcante pois já dita o tom, ao atiçar a curiosidade dos espectadores sobre a estória que está por vir. Celine falou sobre a sua intenção, “na verdade, aquela situação foi inspirada num episódio que aconteceu comigo, na minha vida. Toda a primeira cena no bar. Muitos momentos do filme foram inspirados em fatos, acho que isso traz um senso de realidade para o roteiro e para os personagens. Isso foi muito importante pra mim”.

Greta Lee compartilhou a experiência dela, “pra vocês terem uma ideia, a Celine pediu que eu e Teo não nos encontrássemos antes do início das filmagens, pois seria mais impactante se nós, atores, não tivéssemos intimidade, já que os personagens não se viam há anos. Faria mais sentido. E realmente ajudou muito”.

Teo complementou, “verdade, foi muito bom. E outra coisa foi em relação ao meu figurino, o Hae estava meio desconfortável com toda a situação e a Celine pediu que minhas roupas fossem mais largas, em tamanho maior, meio desajeitado mesmo”, risos.

Celine riu, “eu lembro disso. E o Teo é todo fashion, todo arrumadinho, a diferença dele chegando no set para ele vestido com o figurino do Hae foi gritante. Mas ajudou a contar a estória do personagens. Todos esses elementos, como caracterização, são importantes e eu acho que contribuíram para o resultado do nosso trabalho”.

Greta elogia, “olha, eu concordo, mas o brilhantismo da Celine tem que ser celebrado. Tanto no roteiro, quanto na direção caprichada e carinhosa em um set intimista. Todo mundo se emocionava com as cenas. E vou confessar pra vocês que esse foi o melhor trabalho que já fiz até hoje. Uma alegria e marcou a minha vida pra sempre.”

Teo comcordou, “certamente mudou a minha vida. Foi um grande aprendizado. Até porque Celine usou toda a experiência dela no teatro (Celine Song é uma consagrada diretora e roteirista na Broadway) nesse filme, daí as cenas serem tão viscerais, os diálogos. Foi mágico mesmo”.

Celine agradece, “esse projeto é o resultado do trabalho de uma equipe e atores dedicados e super talentosos. E o que mais me orgulha é o feedback positivo que todos nós temos recebido do público do mundo inteiro. Isso sim é muito especial”.

Gente, eu chorei sem ter consciência que estava chorando, as lágrimas caíram. Também sorri sem perceber. Vi partes da história da minha vida na tela, vi experiências que nunca tive e me emocionaram da mesma forma. Me senti parte da infância de Nora e Hae e da amizade deles à distância. Assim como tive a sensação que eu era uma das pessoas que estavam perto deles, quando os dois se reencontram depois de décadas.

“Vidas Passadas” me emocionou, aqueceu meu coração e me motivou a passar uma mensagem pra um velho e querido amigo, que marcou a minha vida, assim como Nora e Hang foram importantes um para o outro. Ele respondeu feliz com o contato. E nesses momentos está a felicidade.

Em suma, vou pensar e sentir esse filme durante muito tempo… indico de olhos fechado! Grandes chance de concorrer ao Oscar, na categoria melhor filme (e deveria concorrer nas categorias melhor roteiro e direção também), mas, independente dos prêmios oficiais, já escolhi como meu favorito na temporada de premiações esse ano.

Imperdível!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *