Semana do Oscar: Documentários indicados ganham painel no Museu da Academia

O encontro com os diretores e produtores dos documentários indicados ao Oscar é um dos meus eventos favoritos na semana que antecede a premiação, afinal, essa também é uma das minhas categorias prediletas.

Esse ano a locação ainda foi mais glamourosa que antes, o painel aconteceu no belíssimo teatro do Museu da Academia, recém-inaugurado em LA. Um luxo só!

    

Meu fascínio por documentários vem do empenho, comprometimento e dedicação desses cineastas em apresentar para o mundo indivíduos e suas fascinantes trajetórias, respeitando a caminhada de cada um, muitas vezes, correndo riscos e mergulhando em pesquisas, viajando pelo mundo durante anos, até terem captado a essência de suas histórias.

Os cinco documentários indicados ao Oscar são a prova do talento desses cineastas em diferentes áreas.

Daniel Roher, diretor de “Navalny”, falou da responsabilidade de representar Alex Navalny, que foi preso por defender a democracia na Rússia, “me sinto muito honrado de estar aqui, mas, enquanto isso, Alex está numa cela minúscula sendo torturado. Por isso é tão importante mostrar sua história para o mundo. Para manter viva sua luta pela liberdade”.

Já Nan Goldin, que é a protagonista do documentário “All the Beauty and the Bloodshed”, dirigido por Laura Poitras, (que infelizmente não pôde participar do evento), destacou a importância de ter sido tão respeitada por Laura e pelos produtores. “Eu comecei a fazer esse doc sozinha e a Laura soube e se ofereceu pra ajudar. Fiquei lisonjeada, ela já tinha até ganhado um Oscar nessa categoria (por “Citizenfour”, em 2015), mas eu queria ter a palavra final em todas as decisões. Ela me prometeu que seria a minha voz e foi mesmo. O resultado é melhor do que imaginava”, contou.

Diretor de “Tudo o que Respira”, Shaunak Sen comentou sobre como esse projeto com os irmãos Saud e Nadeem chamou sua atenção sobre as questões ambientais, “a gente sabe os males que a poluição causa no nosso corpo e no meio ambiente, mas nem todo mundo pensa nisso no dia a dia; quando me envolvi nesse projeto eu passei a sentir de verdade, através dos pássaros, o quão devastadora essa situação é, e isso mudou meu olhar sobre o mundo. Foi uma aula de vida”.

Meu documentário preferido foi “A House Made of Splinters”, dirigido por Simon Lereng Wilmont. Como se passa em um orfanato, Simon compartilhou sobre seu trabalho com as crianças, “os pequenos são muito honestos e nós sempre fomos muito sinceros com eles também. Contamos desde o início que não íamos adotá-los, que estávamos lá para mostrar a história deles, quando eles quisessem aparecer, caso o contrário, respeitaríamos a sua privacidade. Eles entenderam e colaboraram desde o início. Não criamos falsas expectativas e isso foi essencial para que a filmagem fluísse de forma tranquila. Nós também controlamos a nossa emoção, enquanto estávamos lá, era só trabalho. Quando a gente chegava em casa, chorava. Mas sempre agindo de forma bem profissional. Eles apreciaram muito isso”.

E Sara Dosa, que fez um documentário, “Fire of Love”, sobre os cientistas Katia e Maurice Krafft, baseado no acervo deixado por eles, contou sobre a importância da pesquisa, “infelizmente, Katia e Maurice partiram, a única coisa que tínhamos era o acervo, que era bem grande, e algumas entrevistas com pessoas próximas deles. Mas nosso foco era fazer uma pesquisa muito detalhada, especialmente porque eles não estão mais aqui para contribuir. Não queríamos decepcionar, por isso levamos bastante tempo e tivemos muita cautela pra honrar a memória e o trabalha excepcional que os uniu e os levou. Foi um desafio emocionante.”

Pra turma que gosta de documentário, eu realmente sugiro que assista essas obras que me ensinaram, me tocaram e me emocionaram profundamente.

 

Navalny

“Navalny” segue a história de Alexei Navalny, um dos opositores do presidente Vladimir Putin, que foi preso e o episódio foi marcado por revolta popular contra seu governo na Rússia. Em 2020, ao estar em um voo doméstico da Sibéria para Moscou, Alexei bebeu uma garrafinha de água. Ao chegar na Alemanha, para onde foi levado após adoecer no voo, foi constatado por um exame toxicológico que ele ingeriu Novichok, uma combinação de substâncias neurotóxicas. Esse documentário acompanha a sua trajetória do envenenamento, sua recuperação até o seu retorno à Rússia, que culminou no seu encarceramento. (Fonte: AdoroCinema)

 

 

All the Beauty and the Bloodshed

“All the Beauty and the Bloodshed” é um documentário que segue a fotógrafa Nan Goldin em sua batalha contra a notória família farmacêutica Sackler, a grande responsável pelo incontável número de mortos na epidemia de opioides nos EUA. Dirigido pela ganhadora do Oscar, Laura Poitras. (Fonte: AdoroCinema)

 

 

A House Made of Splinters

“A House Made of Splinters” é um documentário sobre um orfanato. Perto da fronteira da Ucrânia existe uma velha casa que serve de orfanato, ele é comandado por voluntários determinados a promover conforto e segurança para as crianças. A casa é humilde, mas serve como lar temporário para crianças ficarem até nove meses ao esperar o que o sistema vai decidir por elas. (Fonte: AdoroCinema/)

 

 

Tudo o que Respira

Em “All That Breathes”, dois irmãos, Saud e Nadeem, cresceram escutando que ao alimentar carne para os pássaros Milhafre-preto, que sobrevoavam a cidade de Nova Delhi, eles iriam espantar todos os problemas que poderiam atingir a vida de quem os alimenta. Anos depois, a poluição da cidade se mostra cada vez mais violenta, expulsando os Milhafre-preto do local. Agora, os irmãos trabalham protegendo e salvando os Milhafre-preto feridos por conta da poluição desenfreada. (Fonte: AdoroCinema)

 

 

Fire of Love

O documentário “Fire of Love” apresenta a história dos desteminos e apaixonados cientistas Katia e Maurice Krafft, que morreram em uma explosão vulcânica fazendo exatamente o que os uniu: desvendando os mistérios dos vulcões e capturando imagens impressionantes. O filme conta com um arquivo de imagens raras do casal, bem como escritos e ilustrações coletadas para mapear suas aventuras, descobertas científicas e seu profundo vínculo emocional, construído tendo como base as mais de 200 horas de filmagem que o casal gravou ao longo de 20 anos de trabalho e amor. (Fonte: AdoroCinema)

 

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