Fiquei animada quando soube que seria lançado um filme baseado no começo da carreira do Bob Dylan, quando ele conheceu Joan Baez. Curto Dylan desde a adolescência, e tanto ele quanto Joan fazem parte da trilha sonora das viagens que faço de carro sozinha pelos EUA.
Pra completar, eu sabia que o filme se passava em Nova York, no Village e eu veria lugares que frequento e adoro na minha cidade preferida no país.

Mas, mesmo certa que o filme era imperdível, eu não tinha ideia que iria superar minhas, já altas, expectativas.
Eu amei da vida, especialmente ao perceber que o show de Chicago, no episódio final de “Daisy Jones & The Six”, que sim continua sendo minha obsessão seriática até hoje, foi inspirado em apresentações de Bob Dylan e Joan Baez juntos ao longo dos anos. Ao invés de rock’n roll, a dupla da vida real é a realeza da folk music. Interessante que na época da divulgação da série falaram muito como o relacionamento de Stevie Nicks e Lindsey Buckingham do Fleetwood Mac serviu de base para o livro e a série, mas, visualmente, os vídeos de Dylan e Baez são até mais similares as cenas do show final de Billy e Daisy em Chicago.

Mas, o filme é brilhante, não só por todas todas essas referências e pela história de Bob Dylan, uma lenda da música, que é sensacional por si só, mas também por sua produção e, principalmente, a atuação dos atores Timothée Chalamet (Bob Dylan), Monica Barbaro (Joan Baez) e Edward Norton (Pete Seeger), indicados ao Oscar nas categorias melhor ator, melhor atriz e ator coadjuvante, assim como de todo o elenco impecável (que inclui o protagonista de um outro vício meu, a série “Halt and Cath Fire”, Scoot McNairy, que no filme é o ícone da folk music e de Bob Dylan, Woody Guthrie).

Isso sem contar com o figurino, a produção de arte, as locações (o Café Wha? segue um dos meus bares favoritos em NYC), e a trilha sonora, que incluiu as minhas músicas prediletas de Dylan.


Timothée se preparou durante anos para interpretar o ícone e sua dedicação valeu a pena, porque se você ouvir o ator cantar sem saber que é ele, vai achar que é o Dylan. O mesmo acontece com Monica e Joan. Impressionante que os atores nunca tinham cantado ou tocado instrumentos antes e, no filme, parecem que nasceram cantores folk.


Eu adorei também a escolha do roteirista e diretor, James Mangold, em focar em um período específico da vida de Bob Dylan, entre 1961 e 1965, desde quando o cantor chegou em NY, com um sonho e seu talento, seu primeiro álbum, seu encontro com Joan, seu relacionamento com Sylvie Russo (Ellen Fanning está ótima, o nome de sua personagem, que foi a namorada de Bob e inspirou sua música nesse período de sua carreira, foi trocado a pedido de Dylan, para respeitar a privacidade dela que queria viver longe da sombra do ex-namorado famoso).

Esse é o tipo de projeto que não vai decepcionar os fãs de Bob Dylan e Joan Baez, pelo contrário, vai agradar todo fandom deles. E, por outro lado, se você ainda não é fã deles, vai se apaixonar, muito graças à atuação dos atores, ao roteiro caprichado e à direção sensível desse filme, que também merece estar entre os indicados na categoria melhor filme, melhor roteiro e melhor direção (além das indicações nas categorias melhor figurino e melhor som).

Eu acho importante também que as novas gerações tenham acesso à música fantástica e revolucionária desses artistas ativistas, que estavam cantando sobre as atrocidades da guerra e a luta pela liberdade nos anos 60, as mesmas lutas que ainda estamos travando hoje em dia, especialmente nesse momento com um governo conservador nos EUA e pelo mundo afora.
As referências ao relacionamento de Bob Dylan e Joan Baez, no meu vício “Daisy Jones & The Six” foram tão maravilhosas que amigas minhas vieram me dizer que quando assistiram ao filme lembraram de mim e sabiam que eu ia amar, não só pelo Dylan e pela Joan, mas pela Daisy e pelo Billy. Achei divertido e confessei a elas que adorei mesmo, tanto pela história real, como pelo meu casal fictício que existe na realidade da minha imaginação.

Parafraseando os outdoors espalhadas por LA, esse filme é um Completo Triunfo que estreia dia 28 de fevereiro nos cinemas no Brasil. Quem tiver a chance, confira antes do domingo do Oscar, 2 de março.
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vvvvv | “Um Completo Desconhecido” é uma biografia sobre a vida do astro Bob Dylan, dirigida por James Mangold. Situado na influente cena musical de Nova York do início dos anos 60, Dylan, o jovem músico de Minnesota, tem apenas 19 anos e caminha rumo à sua ascensão na música. Passando de cantor folk, para as salas de concerto e ao topo das paradas, culminando em sua performance inovadora de rock and roll elétrico no Festival Folclórico de Newport em 1965, definindo um dos momentos mais transformadores da música do século XX. Fonte: AdoroCinema |
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Aqui um dueto marcante de Bob Dylan e Joan Baez e cenas de Daisy e Billy que foram claramente inspiradas neles:
Billy & Daisy – Aurora – Show em Chicago