“Cafarnaum”: Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro emociona com jornada de superação

Só de sentar agora para escrever sobre o filme libanês “Cafarnaum”, indicado ao Oscar 2019 na categoria filme estrangeiro, eu já me emociono novamente. Assisti essa obra-prima semana passada, numa sessão privada em Los Angeles. Nunca vi tanta gente chorando numa sala cheia de membros da imprensa e pessoas que trabalham no entretenimento e estão mais que acostumadas a verem filmes marcantes, mas é quase impossível não ficar mexido com a trajetória de Zain (Zain Al Rafeea), que aos 12 anos, fugindo de seus pais negligentes, aprende a sobreviver com sua inteligência nas ruas, onde ele conhece a imigrante etíope Rahil, que lhe fornece abrigo e comida, em troca Zain cuida de seu filho bebê.

O filme estreou no festival de cinema em Cannes, ano passado, e ao terminar foi aplaudido durante 15 minutos, recebendo a Palma de Ouro, prêmio do Júri deste festival que é um dos mais prestigiados do mundo.

A jornada de Zain no cinema começou glamourosa, ao contrário do que vemos na tela. Mas ao mesmo tempo que o filme mostra todas as dificuldades de famílias, como a de nosso protagonista, que vive em um cortiço numa favela no Líbano e força a própria filha de 11 anos a se casar com um homem bem mais velho e os desafios da vida de um imigrante sem documento tentando recomeçar a vida no país estrangeiro, é também um atestado de que todos nós somos capazes de vencer os gigantescos obstáculos da vida e, mesmo com o coração despedaçado pelo sofrimento, dar a volta por cima, se tivermos determinação. “Cafarnaum” é uma injeção de energia para quem acredita que suas atitudes podem transformar a sua caminhada.

Eu saí do cinema querendo mudar a minha própria jornada, assim como o personagem Zain. Ele não tinha sido registrado pelos pais e, por isso, não tinha direitos de cidadão, inclusive a assistência de saúde pública, e foi capaz de usar a sua dor para focar em conquistar o seus objetivos, que incluía a sobrevivência. A forma como ele luta é uma inspiração, muito graças à direção caprichada de Nadine Labaki, que também atua no filme como a advogada de Zain, e a um elenco, composto em sua maioria por não atores, que deu um show de interpretação. Creio que as performances, aliadas a um excelente roteiro, transportam o público para dentro da estória, nos transformando em verdadeiros antagonistas do filme.

Repito a frase que ouvi outro dia de Ethan Hakwe (Jesse, da trilogia “Antes do Amanhecer”, “Antes do Por-do-Sol” e “Antes da Meia-Noite”): a minha genuína experiência com “Cafarnaum” começou depois que eu saí do cinema. Eu vou pensar neste filme durante muito tempo, especialmente nos momentos complicados, pois vou carregar comigo a força de Zain, da etíope Rahil, dos refugiados nas ruas do Líbano, que conheci através do olhar sensível de Nadine, pois eu sei que eles vão ser uma luz no fim do meu túnel por muitos e muitos anos e esse é o papel principal da arte, transformar a vida daqueles que a admiram.

Faca um favor a vocês mesmos e assistam o filme que já esta em cartaz no Brasil.

Data de lançamento 17 de janeiro de 2019 (2h00min)
Direção: Nadine Labaki
Elenco: Zain Al Rafeea, Nadine Labaki, Yordanos Shifera mais
Gênero: Drama
Nacionalidades: Líbano, França

Trailer Legendado:

 

 

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