As Pequenas Coisas da Vida: série boa para maratonar e revisitar nossos laços familiares

Essa foi uma daquelas séries que sentei pra ver 1 episódio e acabei maratonando levantando do sofá só depois da finale.

Terminei de assistir no mesmo dia, com o rosto inchado. Chorei, chorei muito. Mais de emoção do que de tristeza. A série ativou muitos gatilhos, mexeu comigo de forma profunda. Me senti abençoada por ter passado 49 anos com a minha mãe, tendo em vista que a personagem perdeu a mãe na adolescência. Sim, entre muitas pequenas (e grandes) coisas da vida, a série fala sobre luto de uma forma menos convencional ou dramática que o tópico, geralmente, é abordado na maioria dos seriados e filmes.

Baseada no livro de mesmo nome escrito por Cheryl Strayed, “Tiny Beautiful Things” acompanha Claire (Kathryn Hahn) que, de forma relutante, se torna uma colunista anônima de sucesso conhecida apenas como ‘Dear Sugar’, logo quando sua vida está caindo aos pedaços. A história segue várias linhas do tempo para narrar a vida de Sugar, cheia de obstáculos, humor e também beleza. No passado, conhecemos a jovem Claire (Sarah Pidgeon) em sua fase rebelde após a morte da mãe, mas construindo uma relação muito especial com o irmão mais novo, Lucas (Owen Painter). No presente, Claire e Danny (Quentin Plair) enfrentam dificuldades na relação, o que prejudica diretamente a filha Rae (Tanzyn Crawford). Fonte: https://www.adorocinema.com/series/serie-32040/

Kathryn Hahn está brilhante. Estive com a atriz que, acompanhada de Cheryl Strayed (autora do livro que inspirou a série), Ingrid Michaelson (compositora/ letrista) e Liz Tigelaar (produtora, roteirista), falou sobre esse projeto especial, no Deadline Contenders, em LA.

“Eu conheci a Claire nas páginas do script, não tinha ouvido o podcast da Cheryl ainda. O que foi até interessante pois descobri a personagem através da adaptação para a TV, e só depois me familiarizei com o excelente material que tinha disponível (o livro, podcast). Mas, pra mim, foi fácil me identificar com a Claire, porque no fundo, no fundo, todos nós somos uma grande “bagunça” emocional, o que ela está vivendo representa muito do que a gente vive. Me sinto muito próxima dessa personagem”.

Ingrid Michaelson (compositora/ letrista) que participou por vídeo, concorda, “eu também me identifiquei assim que li o roteiro. Perdi a minha mãe há alguns anos e, ao ler o script, me dei conta de quantas coisas eu carrego ao mesmo tempo, luto, as alegrias, revoltas. Exatamente essa “bagunça” que a Kathryn mencionou. Me pergunto porque não coloco tudo isso numa “bolsa”, o que me pouparia trabalho, mas somos seres complexos, quando se trata das nossas emoções. Por isso esse trabalho fluiu tão bem, já que parecia que era sobre a minha vida”.

Liz Tigelaar (produtora, roteirista) elogiou a compositora, “Ingrid é um talento, mas quando recebemos a música da trilha que ela compôs minutos após ler o script, ficamos impressionados como ela acertou de primeira, isso raramente acontece. A gente sente a sua emoção, assim como a da Kathryn e de todos os envolvidos. Quando a Reese e a Laura Dern (produtoras da série) me convidaram para adaptar esse livro da Cheryl Strayed, eu disse sim no estacionamento do Hulu, sem mesmo saber os detalhes. Sou fã de todas elas e eu sabia desde o início que ia ser especial. E foi ainda mais do que eu imaginava.”

Cheryl Strayed falou sobre sua parceria com Witherspoon e Dern, em Wild, livro de sua autoria baseado em sua vida, assim como o que inspirou a série: “Eu, Reese e Laura nos divertimos muito no set de Wild. Elas não só foram ótimas parceiras profissionais, como se tornaram minhas amigas. A gente queria muito trabalhar juntas novamente. Desde que escrevi “Tiny Beautiful Things” eu achava que seria uma ótima série e elas concordaram. Então aí encontramos uma oportunidade de nos reunirmos novamente. É uma responsabilidade falar da vida de alguém, mas eu confio no grupo genial de mulheres que está por trás dessa produção e acho que adaptação e as novas estórias que foram incorporadas à série, só elevaram o material. Ficou sensacional, estou muito feliz com o resultado”.

E, nada como participar de um projeto baseado em um livro que conta com a admiração da autora, ainda mais em uma obra tão pessoal.

Acho que a dedicação, o respeito e o carinho entre as pessoas envolvidas e ao próprio livro, estão claros nos episódios, que se tornaram um espelho para as minhas emoções.

Fica a dica pra quem quiser fazer algumas sessões de terapia, ao revisitar o seu passado, conversar com a sua menina de 20 anos e reavaliar seu presente, e, consequentemente, redefinir seu futuro.

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