Nunca Foi Sorte, Sempre Foi Macumba: Livro de André Gabeh traz referências amorosas e deliciosas do subúrbio carioca

Conheci André Gabeh quando ele participou da primeira edição do Big Brother Brasil, minha favorita até hoje. Torci por ele, que também é um dos participantes mais icônicos da história do programa, na minha opinião.

Mas o talento de Gabeh transcende qualquer reality show. A página no Facebook desse cantor, compositor ilustrador, macumbeiro criado na umbanda e apaixonado pela cultura do candomblé – pelas palavras de sua bio em seu livro “Nunca Foi Sorte, Sempre Foi Macumba” – é a única que acompanho com frequência na plataforma. Seus textos são hilários e, ao mesmo tempo, a autenticidade de suas palavras me emocionam. Suas histórias, com passagens doces e amargas, são um retrato da vida no subúrbio carioca, com seus altos e baixos, vitórias, injustiças, alegrias e muito axé.

Virei fã de carteirinha e estava louca pra garantir um exemplar do livro “Nunca Foi Sorte, Sempre Foi Macumba”, que reúne histórias da vida de Gabeh relacionadas ao Axé, como ele mesmo disse é um livro de memórias.

André lançou o livro,em PDF, durante a pandemia, mas, só soube disso quando já tinha sido publicado por uma editora. Eu amo os livros físicos e queria um exemplar, mas como moro em Los Angeles e o autor não entrega no exterior, não pude comprar online. Chorei minhas pitangas para a amiga Raquel Zambon, quando ela esteve em LA, em julho. Raquel é aquela amiga que anota e guarda informações como essa para nos surpreender no nosso aniversário. E, assim, ela providenciou um exemplar do livro, recebeu em SP, onde mora, e mandou ela mesma pelo correio para LA.

Nem acreditei quando recebi essa obra de arte pelo correio e, felicíssima com o regalo, corri pra devorar. Confesso que o único “defeito” do livro é que é tão bom que eu li em uma noite.

Certamente as minhas gargalhadas não deixaram a vizinhança dormir, mas quem se importa. Eu não ria daquele jeito há anos. Não sou do Axé, sou católica. Mas várias pessoas da minha família praticam religiões de matriz africana. Eu não só tenho um profundo respeito, como sou fascinada pelo aspecto histórico do candomblé e da umbanda.

Eu não vou dar spoilers porque eu acho que todo mundo deveria ler, não só porque as histórias são inusitadas e divertidas, mas também porque Gabeh presta um serviço celebrando e desmistificando o significado negativo que muitos dão à palavra Macumba que, na verdade, é o nome da parte festiva das religiões afro-brasileiras (esse é o resumo amoroso da contracapa do livro, no capítulo 3 – “A Árvore da Vida”- você lê uma explicação mais detalhada).

Mas, vou deixar aqui uma palhinha com as palavras-chave das histórias em que ri tanto, mas tanto, que chorando tive que fazer um intervalo pra recuperar a respiração e limpar os olhos pra poder enxergar novamente e seguir lendo e rindo, lendo e rindo… não necessariamente os contos aparecem no livro nessa ordem, mas estão firmes na minha memória afetiva: As galinhas no ônibus, Anete e a Arrepiada, A Terceira Grande Festa do Castelo da Mulambo – um blackout e uma capa de jornal, o Uber em Sepetiba, o Porsche vermelho do produtor, A derrubada de frutas, flores e do caixão, A patricinha no mercadão de Madureira, O Raccoon (eu moro em LA e aqui a gente encontra guaxinim na rua, sem brincadeira, eles andam pela cidade! Amei!), O fracasso do estrogonofe, Murrimha, o dog alemão, entre muitas.

Algumas histórias fizeram minha peruca voar, como a do Adriano e, especialmente, a do Toddy com leite e groselha…

Como Gabeh diz, esse é um livro de amor. Ele fala dos avós e dos pais, assim como fala dos orixás.

Mas ele também fala do “meu” Rio de Janeiro nos anos 80/90. Cresci na Tijuca, passava feriados na casa dos primos na Penha, e os domingos na casa das minhas avós em Bonsucesso. Comprava calça jeans na Abolição, e salgadinho de aniversário em Campinho. Fazia compras com a mamãe em Cascadura e tinha uma amiga que morava no interior de Caxias. (sim, Gabeh, Caxias tem interior).

Tive uma bolsa Vitor Hugo, comprava material escolar na Casa Mattos e sapato na Sapasso. E até hoje eu acho o Mercadão de Madureira um templo absolutamente fascinante, que deveria ser estudado por antropólogos e sociólogos.

 

Imagino que os cariocas, frequentadores do subúrbio, vão dar umas gargalhadas extras, mas, mesmo que você nunca tenha ido ao Rio, não tenha ideia do que seja Sapasso e não conheça nada de Axé, essa é a sua chance de aprender com as experiências reais, às vezes, SurReais, de André Gabeh.

Siga a página dele no Facebook, entre em contato e garanta seu exemplar. Você vai me agradecer por essa dica!

https://www.facebook.com/AndreGabeh?mibextid=LQQJ4d

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