Outro mês chega e com ele mais reflexões. Um bom maio para todos

E maio chegou quase despercebido, no meio da quarentena, onde seguimos no isolamento social, por conta do Covid-19. Talvez se não fossem pelas contas que ainda temos que honrar no meio da pandemia, continuaríamos sem ter muita noção da passagem do tempo.

Mas o tempo é implacável. Ele não para, como dizia o brilhante Cazuza. Para muitos, pode até parecer que todo dia é domingo, mas as semanas passam e cá estamos para, mesmo atrasados, dar as boas vindas ao novo mês propondo a todos uma reflexão a partir das palavras do mestre Renato Russo, em “Índios”, que considero uma das mais belas e realistas músicas escrita por ele, lançada nos anos 80.

Um dos maiores sucessos da Legião Urbana descreve o isolamento social que os primeiros habitantes do planeta vivem até hoje. A humanidade nunca pensou nas tribos, assim como não dá a mínima para o planeta Terra, que teve que criar um vírus para se livrar dos maus tratos por um tempo e recuperar seu fôlego. A pandemia fez com a sociedade o que nós fazemos com a natureza e com os índios há séculos. Renato Russo se foi prematuramente, mas deixou pra gente essa canção, como se tivesse conseguido prever que pouco mais de 30 anos depois do lançamento de “Índios”, nós seríamos forçados a provar do nosso próprio veneno. Se você prestar atenção na letra da música vai perceber que é um relato fiel do que estamos vivendo em 2020.

Sendo assim, achei que era a trilha sonora apropriada nesse momento, que está nos dando a oportunidade única de repensar conceitos, aprender a se colocar no lugar do outro, criticar menos, respeitar mais.

Você pode passar a quarentena reclamando de tédio ou você pode aproveitar esse tempo para amadurecer, refletir e renascer. A escolha é sua, claro. De qualquer forma, compartilho aqui as palavras inspiradoras de Renato, aquele jovem poeta de Brasilia e alguns registros de lugares fascinantes que tive o privilégio de visitar e que me deram a chance de me reinventar. Espero que gostem.

Feliz maio! Sigamos firmes no isolamento social. Quem puder, fique em casa.

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vvvvv Índios – Renato Russo

Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha
Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente
Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer
Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi
Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes
Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado
Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui/

vvvvv

 

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