Thanksgiving em Vermont com brindes, aprendizados e agradecimentos

O Thanksgiving é meu feriado predileto nos EUA. Eu sempre curti a ideia das famílias e amigos se reunirem para celebrar e agradecer as bençãos do ano.

Geralmente, eu faço uma festa em casa, mas esse ano resolvi colocar o pé na estrada e visitar o estado de Vermont, na Costa Leste; o último que faltava para que eu terminasse de explorar toda a região da Nova Inglaterra, onde estive esse ano no 4 de Julho, e conheci Plymouth, em Massachusetts, um dos municípios mais antigos do país, famoso por ter sido o palco do primeiro Thanksgiving nos EUA.

Importante ressaltar que, quando os peregrinos brancos, vindos da Inglaterra, que, segundo a história, iniciaram a tradição do Thanksgiving, chegaram em Plymouth, a região já estava habitada há séculos e era uma vila da tribo Wampanoag chamada Patuxet.

 

Faça um tour e conheça a história de Plymouth conferindo essa matéria:

 

A história ensinada nas escolas, a que passa de pais para filhos, é baseada em uma pintura que seria o “retrato do primeiro Thanksgiving”, que mostra os peregrinos cumprimentando os indígenas, como se os brancos fossem os anfitriões da festa. Sendo que, cartas escritas pelos próprios peregrinos na época deixam claro que foram os Wampanoag os anfitriões do primeiro Thanksgiving, inclusive foram eles que trouxeram a comida.

 

Os estadunidenses cresceram acreditando em fatos históricos que foram deturpados para privilegiar os brancos colonizadores.

 

 

Ao contrário do que eu imaginei durante muitas anos, o Thanksgiving não é uma data bela para todas as famílias estadunidenses, muito pelo contrário, para muitos descendentes indígenas, essa é uma data de luto, justamente por ser um marca da invasão dos colonizadores que trouxeram pragas que mataram grande parte dos povos indígenas, incluindo os Wampanoag na região, facilitando a ocupação pelos peregrinos em Massachusetts, e em várias outras partes dos EUA.

 

 

Ter essa consciência, ao estudar mais a fundo a história por trás da história contada no país onde resido, me entristece pela crueldade da realidade; ao mesmo tempo, saber que hoje em dia muitos educadores estão trabalhando para incluir no currículo escolar o que de fato aconteceu, dando aos povos indígenas a relevância histórica que lhes é devida, me enche de esperança.

 

 

O caminho da transformação e da educação da sociedade é muito longo e muita gente poderosa fará de tudo para que a verdade não apareça nunca, mas me junto ao grupo que não vai desistir nunca de mostrá-la à sociedade.

Numa nota pessoal, eu seguirei celebrando as bençãos do ano no Dia de Ação de Graças, pois acho importante fazermos essa reflexão. Sinceramente, esse ano pra mim a maior benção foi ter tido a oportunidade de estudar a história, aprender e estar aqui compartilhando as verdades sobre a data, desglamourizando os brancos peregrinos, ao dar aos povos indígenas, em especial aos Wampanoag, o crédito que eles merecem na história.

 

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Diário: O Thanksgiving da moça da cidade grande no interior

Passei o dia de Ação de Graças na bela cidade de Barre, no estado de Vermont, último estado que faltava para eu conhecer na região da Nova Inglaterra, que fica perto de Nova York e faz fronteira com o Canadá. Um cenário de montanhas verdes, riachos, neve e frio, bem diferente de Los Angeles, onde as montanhas são desérticas, faz sol e calor.
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vvvvv Fiquei hospedada em um hotel onde, durante muitas anos, funcionou a estação de bombeiros local. Tão confortável quanto criativo, o quarto é espaçoso e tem uma mini cozinha completa. Nos corredores estão expostas fotos e relíquias dos bombeiros que um dia trabalharam ali. O andar de baixo, onde os caminhões de bombeiro ficavam estacionados, virou um bar – que estava fechado por conta do feriado – e o alojamento no segundo andar hoje é o hotel.
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Eu e minha amiga de viagem moramos em grandes metrópoles, ela em Nova York, e eu em LA e, ambas viemos do Rio de Janeiro, em suma, somos moças da cidade grande que esqueceram completamente que, no interior, absolutamente nada abre – nem bar, nem restaurante, muito menos supermercado – em um feriado importante como o Thanksgiving.

Pra nossa sorte, uma loja de conveniência em um posto de gasolina estava aberta e lá compramos drinks e aperitivos, o que já animou o dia frio. E, no fim da tarde, um único diner da cidade também abriu e nos salvou servindo a ceia tradicional do Dia de Ação de Graças dos estadunidenses: Peru, legumes, purê de batata, geleia de cranberry (oxicoco) e o stuffing que é uma especia de “farofa de pão”.

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vvvvv Brindamos à vida, às bençãos, ao aprendizado sobre a cultura estadunidense e, de quebra, à diária da nossa hospedagem (que sairia em torno de $200, ou seja, aproximadamente R$500) ter saído de graça, pois a dona do estabelecimento viajou e tinha esquecido que faríamos o check-in no dia do Thanksgiving, com isso não tinha ninguém pra nos atender no local. Ligamos pra ela, conseguimos entrar com o código que ela nos deu e, felizmente, tinha um quarto pronto pra gente. De qualquer forma, ela se sentiu mal pelo inconveniente e não nos cobrou. Foi a nossa primeira noite em Vermont que começou com um mal-entendido, mas terminou com um final feliz. Realmente tínhamos muito a agradecer!
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O atendimento ao consumidor é nota 10. Indico:

 

 

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