“The Worst Person in the World”: Longa premiado em Cannes traz questões universais

Quem nunca se sentiu “A Pior Pessoa do Mundo”?

O filme norueguês “The Worst Person in the World” (“A Pior Pessoa do Mundo”), um dos favoritos na corrida do Oscar na categoria filme internacional, narra quatro anos da vida de Julie (Renate Reinsve), uma mulher norueguesa de 30 anos que está navegando pelas águas turbulentas de sua vida amorosa e profissional. Enquanto luta para encontrar um bom parceiro e ingressar no emprego que deseja, ela irá compreender melhor quem realmente é e quais caminhos deve percorrer.

Narrado em 12 capítulos, com direito a Prólogo e Epílogo, “The Worst Person in the World” termina com uma versão em inglês de “Águas de Março”, de Tom Jobim, cuja letra define bem a jornada da personagem.

Esse é um daqueles filmes que me fazem interagir com a tela, por ter tantas coisas em comum com a personagem. Me peguei pensando como vivenciei os mesmos questionamentos, angústias, alegrias, ansiedades e como cometi, feliz, as mesmas loucuras de Julie nos meus 30 anos. É um filme da vida real, que conta com a direção caprichada de Joachim Trier e com uma atriz perfeita como Renate, cuja performance demonstra uma verdade tão grande que nos dá a impressão de estar assistindo a um documentário.

Não é à toa que o filme foi o primeiro, desde 1979, falado em norueguês indicado a Palma de Ouro em Cannes. Também não é surpresa que Renate Reinsve tenha levado pra casa a estatueta na categoria melhor atriz no festival mais prestigiado da Europa.

Estivemos com Joachim e Renate em um evento onde o filme foi exibido e celebrado com uma deliciosa recepção em Los Angeles.

Tanto o diretor, quanto a atriz, falam um inglês impecável e fizeram questão de ressaltar a felicidade do filme ter sido tão bem recebido em Hollywood.

Mas como o próprio Joachim mencionou no Q&A após a sessão: “é um filme que trata de questões universais, independente da nacionalidade, todos passamos por crises existenciais ao longo dos anos, especialmente quando entramos na vida adulta. Essa filme é um resumo da história de todos os envolvidos, por isso, não é difícil se identificar com ele”.

 

Renate concordou e afirmou que esse personagem foi muito importante e desafiador para ela: “às vezes é mais complexo interpretar uma personagem que tem tantas coisas em comum com a gente do que alguém que é muito diferente, pois podemos nos sentir confortáveis demais, mas Joachim é um excelente diretor, ele me ajudou a encontrar o tom certo e gostei do resultado”.

Não só Renate como todos nós amamos embarcar com Julie nessa viagem em que fomos mais protagonistas do que espectadores. E se a gente já tinha se sentido a pior pessoa do mundo ao longo da vida, saímos do cinema nos achando as melhores pessoas, pois percebemos que não estamos sozinhos nas nossas dores e delícias.

Estou na torcida pela indicação de “The Worst Person in the World” ao Oscar, pois esse filme traz ainda mais visibilidade às obras cinematográficas geniais produzidas fora da bolha hollywoodiana.

 

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