“Tudo e Todas as Coisas”: Leitura para levantar o astral frente às dificuldades

Por: Carl

SINOPSE: Minha doença é tão rara quanto famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo. Qualquer coisa pode desencadear uma série de alergias. Não saio de casa. Nunca saí em toda minha vida. As únicas pessoas que já vi foram minha mãe e minha enfermeira, Carla. Eu estava acostumada com minha vida até o dia que ele chegou. Olho pela minha janela para o caminhão de mudança, e então o vejo. Ele é alto, magro e está vestindo preto da cabeça aos pés. Seus olhos são de um azul como o oceano. Ele me pega olhando-o e me encara. Olho de volta. Descubro que seu nome é Olly. Talvez eu não possa prever o futuro, mas posso prever algumas coisas. Por exemplo, estou certa de que vou me apaixonar por Olly. E é quase certo que será um desastre – Nicola YOON – Editora NOVO CONCEITO – 2016 – 304 páginas.

Maddy tem IDCG (Imunodeficiência Combinada Grave), uma doença que a torna alérgica a tudo. Por causa disso, vive em um ambiente estéril, livre de qualquer vírus, bactéria, poeira, ou qualquer outro agente que lhe possa causar um ataque mortal. Como companhia, ela tem sua mãe e Carla, a enfermeira e conselheira. Entre leituras, filmes, jogos de tabuleiro, a vida passa. E, aos dezessete anos, ela se conforma, razoavelmente, com sua situação. Isso, até Olly, um garoto hiperativo, que adora escalar qualquer coisa, se mudar para a casa ao lado.

TUDO E TODAS AS COISAS não é apenas um romance juvenil recheado de doçura e esperança. Ele é mais um relato de como não devemos nos conformar com uma situação que não nos deixa feliz. Ele é um empurrão de ânimo, que demonstra como a solução para um problema, por mais difícil que ele seja, e por mais absurda que a solução pareça, pode existir.

 

Como sempre, em um romance, o que mais pesa na qualidade da obra, é se o casal principal convence. Maddy e Olly combinam de forma perfeita. Embora opostos, e talvez por isso, eles parecem perfeitos um para o outro. O único porém, mas não se deve aos personagens em si, mas à construção deles, Olly peca pelo descaso em relação à saúde de Maddy.

A garota toma algumas atitudes durante a história que são totalmente compreensíveis e corajosas. Ela quer ter seu amor, quer tocar nele, quer viver plenamente ao seu lado. E Olly também, claro. Mas ele aceita as escolhas de Maddy quase sem questionar. Na minha perspectiva, se eu amo alguém, a última coisa que desejo é que esse alguém sofra, ou morra. Por mais desejo que eu possua por tocar nessa pessoa. Acho que esse é o único ponto falho do livro, mas, mesmo assim, não é suficiente para estragar o prazer da leitura. Nem de longe.

A narrativa em primeira pessoa é emocionante e engraçada na dose certa. E existem várias folhas simulando escritas à mão de Maddy, o que deixam a leitura mais leve e rápida, além de diferenciada. Um agrado bem-vindo.

Por fim, sem dar spoilers, preciso comentar o desfecho da história. Existem alguns pontos que dão pistas do que irá acontecer. Basta o leitor ficar atento. Mesmo assim, nos capítulos finais, somos apresentados a um drama comovente, embora totalmente egoísta, por parte de um terceiro personagem. Foi uma saída inteligente para a situação de Maddy e Ollly, e não senti que foi forçada, nem que foi uma artimanha. Na verdade, fez com que esse terceiro personagem ganhasse ares mais simpáticos, embora suas atitudes mesquinhas não o sejam.

TUDO E TODAS AS COISAS é, sem dúvida, uma leitura leve, comovente, romântica, engraçada e, por isso mesmo, obrigatória. É um daqueles livros que conseguem dar um pouco de cor a um dia cinza, ou melhorar o humor de quem está passando por algum momento mais difícil. Leia. Vale muito a pena.

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