Entrevista com Maia Mitchell e Cierra Ramirez, as estrelas de “Good Trouble”

Essa matéria contém spoilers da 1ª temporada de “Good Trouble”.

Maia Mitchell e Cierra Ramirez entraram na sala de imprensa esbajando simpatia. Se apresentaram para cada jornalista presente, e quando Maia veio me cumprimentar, comentei que era do Brasil. Ela sorriu. Sentou ao lado de Cierra e falou pra melhor amiga e pra mim que queria aprender português, para surpreender a mãe do namorado brasileiro e, também, para entender a conversa dos familiares dele, porque quando estavam juntos ela ouvia o nome dela várias vezes, sabia que estavam mencionando alguma coisa sobre ela, sem ter noção do que era. Quem nunca, eu pensei, e nesse momento me apaixonei ainda mais por ela.

Uma amiga jornalista sugeriu que ela aprendesse frases bacanas para falar com a sogra. Já eu, ofereci para ajudá-la, “posso escrever algumas coisas pra você”, disse. Cierra amou a ideia, viu Maia, e a bela atriz australiana, que na série não tem sotaque, mas na vida real entrega de onde veio, concordou que era uma boa sugestão mesmo.

E foi neste clima mais que descontraído que conheci pessoalmente as intérpretes de Callie e Mariana, das quais sou super fã desde “The Fosters”, para conversar sobre sua nova série (e meu mais recente vício) “Good Trouble”, o spinoff que as meninas protagonizam e produzem. A série retorna hoje e, além de divertida, aborda temas relevantes, como Maia, Cierra e Joanna, a produtora executiva, explicaram no painel que rolou no ATX TV Festival, em Austin:

https://www.hollywoodeaqui.com/good-trouble-painel-no-atx-tv-festival-apresenta-a-2a-temporada-do-spinoff-de-the-fosters/

Antes de começar o papo oficialmente, me senti tão a vontade com as meninas que, mesmo sem estar saboreando uma taça de um dos vinhos baratos que Mariana e Callie tomam na série (os mesmos do supermercado Trader Joe’s que nós bebemos em casa), eu compartilhei uma experiência pessoal que vivi há muitos anos.

Eu disse a elas: “eu amo a série! Eu tive uma paquera bissexual na época da faculdade. Mas quando eu descobri que ele era bi, a minha reação foi péssima, fiquei arrasada, não fui tão “cool” quanto à Callie. E depois de todos esses anos, essa série me fez me sentir bem”.

E a Maia complementou: “você se identificou, não é?!”.

Concordei: “exatamente. E pensei, pena que não tinha um seriado desses na minha época. Levei um tempo para voltar as boas com esse meu ex, mas hoje somos amigos e eu mandei uma mensagem para ele falando sobre a série e dizendo que a filha dele tinha que assistir”.

Maia e Cierra ficaram até emocionadas com a minha declaração. A carinha delas de satisfação por estarem fazendo parte de um projeto que toca o coração das pessoas que não tinham sido representadas devidamente (como os bissexuais e pessoas que se relacionam com eles) devidamente antes, foi impagável. Pena que não tenho video, mas vale conferir o restante do nosso bate-papo.

O que podemos esperar de Callie e Mariana nessa segunda parte da primeira temporada?

Cierra: Mariana vai continuar lutando pela igualdade, para mudar a cultura da empresa que trabalha. Sendo mulher e latina, ela vai tentar conquistar o espaço para ela e para outras mulheres. E, claro, vai rolar romance no escritório também.

Maia: Para Callie, depois da experiência de trabalhar com um juiz conservador, ela vai reconsiderar sua situação profissional atual, porque ela quer fazer a diferença trabalhando em prol de causas sociais no momento, e ela não vai encontrar muitas oportunidades de conquistar seu objetivo no mundo corporativo. E como a Callie não é o tipo de pessoa que fica calada, ela vai buscar fazer isso de outra forma. E essa temporada vai acompanhar a tentativa dela em dar uma guinada em sua vida profissional.

Vocês são produtoras executivas na série (o produtor executivo nos EUA é aquele que influencia as estórias que são contadas no seriado). Tem muitas storylines que foram inspiradas na vida de vocês? Vocês compartilharam com os criadores da série (Peter, Bradley e Joanna, os mesmos de “The Fosters”) experiências pessoais de vocês?

Maia: Sim, a arte imita a vida com certeza. Essa série é tão relevante na nossa vida pessoal, já que nós duas mudamos para cá (LA)…

Cierra: Sim, nós viemos para uma nova cidade, jovens, então estávamos vivendo na pele a mesma experiência de Callie e Mariana. Os produtores sentaram com a gente e pediram para que contássemos todos os nossos segredos para eles, que iam ser mantidos a sete chaves. E nós abrimos o jogo. Naquele dia, eles souberam tudo sobre as nossas vidas.

Maia: Sim, a gente contou tudo mesmo. Tem muito da Joanna, do Bradley e do Peter (criadores e produtores da série) e muito da nossa vida pessoal também.

Cierra: E tem muitas experiências de vida dos outros roteiristas da série. É bacana você poder ver as histórias que viveu na televisão também.

Sobre como Maia e Cierra se preparam para interpretar uma escriturária (Callie) e uma engenheira de tecnologia (Mariana):

Maia: Não é permitido fazer qualquer tipo de treinamento com um escriturário. É proibido por lei. O que eu fiz foi conversar com os contatos que eu tenho nessa área, advogados e pessoas que trabalham neste setor.

Cierra: No caso da Mariana, ela sempre foi ligada nessa área de tecnologia, mas não fiz nenhum treinamento especifico. O interessante pra mim foi ver que o hobby dela na época da escola (que acompanhamos em “The Fosters”) virou uma carreira na vida adulta.

Sobre Callie passar por maus bocados daqui pra frente:

Maia: Não vai ser uma fase fácil para a Callie, e não vou mentir pra você, os últimos meses foram difíceis pra mim também. risos

Na verdade, ela vai encarar as consequências de seus atos. Ela resolveu fazer muita coisa ao mesmo tempo, começar a sair com dois caras, trabalhar enlouquecidamente, enquanto ela deveria ter ficado em casa, estudando para a “OAB” e isso tudo vem com uma consequência, assim é a vida. Então ela vai passar por momentos frustrantes.

Sobre a possibilidade de Callie e Mariana mudarem de carreira, algo que é muito comum hoje em dia:

Maia: Pessoalmente eu até já pensei nisso, mas não é uma possibilidade para Callie, ela é muito mais ambiciosa do que eu.

Cierra: Eu também não vejo isso acontecer com Mariana, ela é ambiciosa também. Ela não aceita não como resposta e ela ama o que ela faz.

Maia: E tanto Callie quanto Mariana mostraram sinais do que elas seriam, de como estariam na vida adulta, ainda em “The Fosters”, e ambas são muito apaixonadas pelo que fazem. Acho que o que pode acontecer com a Callie é ela querer abraçar o mundo com as pernas, se sentir sobrecarregada e explodir.

Cierra: E a Mariana fala demais, sem censura, ela está começando em uma empresa nova, um trabalho novo, ela colocar a boca no trombone pode ter consequências… vamos aguardar.

O nosso tempo já tinha acabado, e eu falei que ia perguntar para Maia sobre o Brasil. Ela, que já estava levantando, sentou novamente e disse: “sim, vamos falar do Brasil”.

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vvvvv O que você mais gostou nas visitas ao Brasil?

Maia: Eu estive em Goiânia, São Paulo e no Rio. Eu amo o Rio, obviamente, e São Paulo é muito legal também. A comida em SP é maravilhosa, a melhor comida japonesa que já experimentei foi lá.

Claudia: Eu também sinto saudades todos os dias.

Maia: Você é de SP?

Claudia: Não, sou do Rio, mas meu irmão mora em SP,  então vou lá todas as vezes que visito o Brasil.

Maia para Cierra: Eu amo a comida japonesa lá.

E depois me pergunta: Você vai la sempre?

Claudia: Faz um ano que estive lá.

Maia: Eu fui lá há 6 meses.

Claudia: Estou com inveja de você.

Maia: Mas estava chovendo. Adorei de qualquer maneira.

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Pode ter faltado o vinho, a comida japonesa e a piscina (onde a galera se reúne em “Good Trouble”), mas meu papo com Maia e Cierra foi tão sincero e tão intimo que já me sinto um membro da comunidade. Ansiosa para assistir novamente o episódio de estreia hoje. Assista você também e faca parte da nossa família.

Confira o áudio da nossa entrevista completa:

 

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