Morar em LA: Ciclone deixa moradores em alerta mas perde força antes de chegar à cidade

No Brasil, estamos acostumados com tempestades tropicais. Com a crise climática, ocasionada pelo o aquecimento global, sofremos ainda mais com as enchentes que destroem cidades inteiras, atingindo especialmente as áreas menos privilegiadas e as comunidades mais vulneráveis.

Já nos EUA, agosto é a temporada dos furacões e ciclones que atingem geralmente os estados do sul e da costa leste do país, como Geórgia e Flórida, enquanto na Califórnia, temos que conviver com os terremotos.

Mas, por conta de todo o mau-trato que a humanidade está causando ao meio ambiente, fenômenos que não aconteciam há décadas em uma região ressurgem causando estragos e pânico na população.

Há mais de 84 anos um ciclone ou furacão não passava por Los Angeles. Embora muito comuns na Baja California, Mexico, que fica pertinho daqui, os fenômenos perdiam a força no caminho e não chegavam no estado estadunidense.

Mas, esse ano, devido ao aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico, especialistas identificaram que o Hurricane Hilary atingiria o sul da Califórnia.

O lado positivo de ciclones e furacões é que, diferente dos terremotos, são identificados com antecedência, o que possibilita preparar a população e tomar algumas providências para amenizar o impacto, como evacuar as áreas de maior risco.

Como a previsão inicial era que o Hilary seria um furacão de categoria 4, que é forte o suficiente para causar sérios danos a uma cidade como Los Angeles, que não está preparada e tem enchentes com qualquer garoa (não podemos esquecer que essa região é desértica e pouco chove), o alarde foi gigantesco, o que causou um certo pânico na população. Quando cheguei no Trader Joe’s, o supermercado aqui perto de casa, as filas estavam gigantescas e as prateleiras estavam vazias, muitos produtos tinham acabado, especialmente garrafas de água. Tive uma sensação parecida com os dias que antecederam o isolamento social, durante a pandemia.

Os noticiários e as redes sociais só falavam do Hurricane Hilary e a população, ao mesmo tempo que se precavia, se desesperava.

Esperávamos a passagem do furacão no domingo, dia 19 de agosto. A boa notícia é que ao longo de sua viagem do México para o sul da Califórnia, a categoria 4 tinha se transformado em uma tempestade tropical, nada muito diferente do que estamos acostumados no Brasil.

A ordem (na verdade foi mais um apelo) das autoridades era passarmos o dia em casa e que não dirigíssemos, especialmente nas freeways que ficam um caos com qualquer chuvinha, a menos que fosse uma emergência. E foi isso que eu e todos os meus amigos fizemos, cada um no seu cantinho ouvindo a chuva cair.

Foi um temporal de verdade, mas, por conta de todas as precauções, não causou nenhuma tragédia, apenas um terremoto numa região próxima a Los Angeles. Algumas amigas sentiram fraquinho por aqui, mas, graças a Deus, não atingiu a região que eu moro.

Não foi uma surpresa, afinal a passagem do ciclone mexeu com a terra que tem fendas e que já treme naturalmente, mas é sempre um susto, sem dúvidas.

Na segunda-feira, sai para trabalhar e o céu estava azul e o sol brilhava lindamente. Tive a sorte de ir a uma reunião no Temescal Canyon, próximo a Topanga Canyon e Malibu, e me deparei um essa vista espetacular. Lembrei do versículo que minha avó mencionava sempre, “depois da tempestade vem a bonança” e comemorei o final feliz dessea momento que me fez refletir sobre a importância de elegermos representantes para o nosso governo que se preocupem com o meio ambiente e invistam em políticas públicas que busquem soluções para a crise climática.

Afinal, diferente do que a extrema direita prega, agora, mais que nunca, precisamos nos preocupar com os males que estamos causando. A natureza é a verdadeira dona do planeta e, na hora que ela se revoltar de verdade, somos nós que vamos partir, independente da nossa condição social, ricos e pobres vão sofrer as consequências. Acho que já passou da hora dos políticos e milionários deixarem colocarem suas ambições em segundo plano e levarem esse assunto a sério. Fica a sugestão, considerando minha experiência morando no estado dos terremotos e no país dos ciclones e furacões, a natureza é a grande protagonista da nossa existência.

Pensem nisso antes de votar em alguém que não acredita no aquecimento global.

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