Sex Education e Reservation Dogs chegam ao fim e entram para a história como séries incríveis

Essa matéria contém spoilers sobre a última temporada e o episódio final tanto de “Reservation Dogs”, como de “Sex Education”!

Deveria ter uma lei proibindo que duas séries geniais terminassem no mesmo mês, pra proteger o coração dos viciados em seriados.

Todo o respeito do mundo pelos criadores de “Reservation Dogs” e “Sex Education”, Sterlin Harjo e Laurie Nunn, respectivamente, que decidiram que era o momento de encerrar a trajetória dos seus brilhantes heróis e heroínas, mas pra infeliz coincidência pro meu coração de fã, essas duas peças de arte (porque é isso que esses shows são, pura arte) se despediram praticamente na mesma semana.

“Reservation Dogs” termina na terceira temporada e “Sex Education”, na quarta. O interessante é que quando começaram a escrever e até a gravar as temporadas, tanto Sterlin, como Laurie, ainda não sabiam que seria a última dos seus respectivos shows.

Como ambos disseram em entrevistas ao The Hollywood Reporter, eles chegaram à conclusão durante o processo. Na minha cabeça louca de fã parece até que os roteiristas combinaram, mas lógico que não foi o caso, já que eles moram em países diferentes, as séries são exibidas em canais diferentes (“Reservation Dogs” é uma série da FX, e eu assisto no Hulu, e “Sex Education” é Netflix) e retratam a realidade de jovens em comunidades e culturas diferentes, embora, tenham várias pontos em comum, a começar pelo grupo icônico de protagonistas de cada uma delas.

Mas, Sterlin, Laurie e todos os roteiristas envolvidos são competentes por terem criado dois seriados excepcionais e, também corajosos, por saírem de cena no auge do sucesso, justamente para não comprometer a qualidade de seus projetos. Como viciados em seriados também sabemos que prolongar uma série pode acabar com ela e jamais gostaríamos que isso acontecesse com esses primores.

Por isso, mesmo com o coração partido, apoio a decisão de ambos, sabendo que vou rever todos os episódios de cada uma delas 1 vez por ano, como faço até hoje com as minhas preferidas “The Royals” e “Rookie Blue”.

Algumas considerações sobre porque fui trabalhar com o rosto inchado algumas vezes na semana, enquanto assistia os episódios finais de “Sex Education” e “Reservation Dogs”.

Ambas as finales foram tão perfeitas que um pacote de Kleenex não foi suficiente.

O realismo que eu senti quando comecei a assistir “Sex Education” nunca deixou a série e se fez presente na finale, especialmente por Otis e Maeve não terminarem juntos, decisão que a criadora tinha tomado desde o início também. A série é britânica e não tem aquela obsessão hollywoodiana de finais felizes para casais adolescentes, como se vivêssemos um conto de fadas. Mas, faz isso sem perder a poesia, vide o encontro de Éric com Deus (uma mulher preta). Além de sexo, na última temporada foram abordados vários temas importantes, como o suicídio, o luto, a transição de gênero e religião, entre outros tantos, de forma sensível, equilibrando metáforas e recados escrachados.

Os últimos três episódios foram os meus favoritos. Eu praticamente comecei a chorar no funeral da mãe da Maeve e não parei mais. Esse episódio me tocou de forma especial, mas também foi marcante pelo retorno de personagens queridos. Foi uma reunião da turma das antigas que funcionou bem como uma grande despedida.

Em sintonia, o último episódio de “Reservation Dogs” também é um funeral e também me levou às lágrimas, com destaque para a cena entre Bear e Elora na igreja e para a forma como os roteiristas descrevem num simples diálogo, o real significado de amizade e comunidade. Como eu, Elora vai embora de casa, mas leva sua casa com ela no amor de seus amigos da vida e da reserva indígena onde cresceu. Me identifiquei e chorei, chorei.

Mas foram os episódios 3 e 9 que mais me emocionaram, daquele jeito que o episódio termina mas a gente pensa nele a semana inteira. Eu falo com mais detalhes sobre o show e o terceiro episódio nessa matéria:

O nono episódio conta a participação de um dos meus atores favoritos, Ethan Hawke. Sua performance foi comparada aos “Befores” filmes que marcaram a sua carreira (Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia-noite, que estão no meu top 10 da vida).

Os diálogos e também o que não é dito entre o personagem Elora e seu pai, personagem de Ethan, são de uma preciosidade, uma autenticidade, que é impossível terminar o episódio sem derramar muitas lágrimas. (Cá estou em chorando de novo). Ou seja, foi uma semana de choradeira, ao mesmo tempo inspiração e arte. Aquela arte que nos toca e nos transforma.

E esse é o legado que tanto “Sex Education” como “Reservation Dogs” deixaram na vida dos seus fãs e dos críticos também. Terminar no auge pode soar cruel, a princípio, mas depois de assistirmos a finale, o coração aos prantos acalma e lembra daquele velho ditado, “Tudo que é Bom Dura o Tempo Suficiente para ser Inesquecível”. E esse foi o caso pra esses dois seriados que, de fato, entraram pra história da TV.

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