“Roads” e “Dreamland”: Qualidade dos longas chama atenção no Tribeca Film Festival

Para encerrar com chave de ouro a nossa cobertura do Tribeca Film Festival, que rolou em abril, em Nova York, três estórias completamente diferentes, mas que nos inspiraram por razões semelhantes: roteiro interessante, atuações brilhantes, bela fotografia e direção.

“Dreamland” (“Terra dos Sonhos”), produzido e estrelado por Margot Robbie, que interpreta Allison Wells, uma fugitiva que depois de assaltar um banco, com vitimas, sendo uma delas uma criança, encontra um esconderijo no celeiro da fazenda da família do jovem Eugene Evans (Finn Cole) que, inicialmente, vê neste encontro uma oportunidade de receber a generosa recompensa oferecida pela polícia se entregar a fora da lei, mas é trapaceado pelo seu próprio coração ao se apaixonar pela bandida.

Neste filme de época, divertido e tenso, o que me fascinou foi o poder de sedução de Margot Robbie, e a autoconfiança da sua personagem, em contraste com a inocência de Cole ao dar vida a Eugene. Mas, apesar de completamente diferentes, ambos os personagens têm uma coisa em comum, eles idealizam uma vida diferente da que levam e vão em direção a um lugar onde buscam realizar seu sonhos. E é aí que a gente se identifica com os personagens, já que todos nós, de certa forma, queremos conquistar nossos objetivos, ao mesmo tempo, que vivemos um grande amor.

“Roads” está entre meus filmes favoritos dos últimos anos também. Em tempos que muitos roteiros de má qualidade que estão sendo produzidos, inclusive por grandes estúdios, em nome da diversidade e de temas importantes como imigração e refugiados, “Roads” é simplesmente uma lição de como fazer um excelente filme, abordando temas relevantes, sem ser piegas ou clichê. Mérito do diretor Sebastian Schipper, dos fantásticos jovens atores Fionn Whitehead e Stéphane Bak, e de uma equipe que trabalhou arduamente, com baixo orçamento, mas muito talento para rodar um filme em várias locações, sendo elas em países diferentes, em um um curto espaço de tempo, com o pouco o dinheiro que tinham disponível.

“Roads” conta a estória de Gyllen (Fionn Whitehead), um adolescente britânico rebelde que rouba a van de seu padrasto, escapa das férias em família e sai dirigindo com o intuito de visitar seu pai verdadeiro na França. Em Marrocos, ele se depara com William (Stéphane Bak), um jovem natural do Congo que precisa viajar até a Europa para encontrar o seu irmão desaparecido. Os dois jovens de 17 anos ficam amigos e iniciam uma improvisada aventura de travessia de fronteiras juntos. A viagem, marcada por uma série de acontecimentos significativos, irá mudar a vida dos dois para sempre.

Fiquei extremamente comovida ao assistir ao filme que mostra a realidade dos refugiados na Europa e, também, daqueles que mudam as suas vidas e correm riscos para poder ajudá-los. Fala do preconceito racial de forma clara e transparente, das consequências de um pai ausente e de um irmão que vai ilegalmente para a terra estrangeira em busca de uma vida melhor. Mais que tudo, “Roads” celebra aquelas amizades que nos surpreendem, que acontecem do nada, geralmente, da forma mais louca que podemos imaginar. E esses amigos acabam se tornando peças imprescindíveis na nossa jornada pois, com essas pessoas a gente vai compartilhar as experiências mais significativas, intensas e transformadoras da nossa existência.

“Roads” é um daqueles filmes que nos toca em muitos aspectos, nos faz ligar para o melhor amigo, pensar nos nossos pais, rever nossos conceitos sobre os refugiados que cruzam nosso caminho, pensar em fazer um trabalho voluntário ou tomar atitudes que inspirem as pessoas ao nosso redor. Vou viver com as lições de “Roads” por muito tempo e, também, com a doçura, o carinho, o afeto que dois amigos homens têm entre si. Sem intenções e tensões sexuais, eles vivem um grande amor, desconstruindo todos os conceitos machistas da sociedade ainda careta, este filme evidência uma amizade que a gente quase não vê no cinema atualmente. E essa é a melhor herança desta estória e, de certa forma, que o próprio Tribeca Film Festival nos oferece, já que nos dá a oportunidade de assistir filmes que contribuem para sairmos do nosso box, da nossa própria mente, e experimentar novas formas de emoção através da sétima arte.

 

Confira nossa cobertura completa do Tribeca Film Festival 2019:

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